Lourival Macedo
Enviado especial*
Anápolis (GO) - Para alguns comerciantes que tiram o sustento da família vendendo frutas e produtos hortigranjeiros à beira da estrada, a duplicação da BR-060, no trecho de Brasília a Goiânia, não atrapalhou os negócios. É o caso de Ozani Fernandes de Freitas, que tem uma barraca à beira da estrada em Abadiânia, uma das cidades cortadas pela rodovia.
Ela e o marido vendem feijão, farinha, polvilho, pequi e doces caseiros. "Para a gente que está na margem da BR, eu acho que (a duplicação) não influencia muito não, porque o freguês da gente às vezes pára do outro lado e atravessa a pista. E o retorno ficou muito próximo da gente", diz Ozani.
A comerciante acredita que o comércio ficou ruim para os vendedores com barracas ou lojas longe do retorno. Entre eles, Maria Luzia Lemes, de Alexânia, que comercializa produtos alimentícios, panelas e colheres. Para ela, a velocidade dos veículos aumentou muito depois da retirada de alguns quebra-molas.
Um carro desgovernado chegou a sair da pista e invadir a barraca da vendedora. "Uma carreta fechou o carro da moça e ela jogou para cá. O carro fez aquela quebradeira nos vasos de barro, potes, panelas, sacos de polvilho e atropelou umas galinhas", lembra Maria Luiza Lemes.
Sílvio Leal, dono do restaurante e lanchonete "Fícus: Espaço das Delícias", no quilômetro 109 da rodovia, reclama da falta de retorno próximo ao estabelecimento. "Pára na lanchonete somente os motoristas que viajam no sentido Goiânia/Brasília", lamenta Leal. "Para o usuário beneficiou muito porque o tráfego ficou mais rápido e mais seguro. Já para mim, para o meu comércio, ficou pior".
Wellington Moreira de Mendonça, dono de uma torneadora no quilômetro 111 da estrada, em frente a uma fábrica de bebidas, acredita que depois de concluída a duplicação da BR 060 o movimento vai melhorar. "Eu instalei a oficina aqui para consertar equipamentos da fábrica de bebidas, mas depois passei a atender as necessidades de fazendeiros e de caminhoneiros que passam por aqui", comemora Mendonça.
O movimento no comércio da rodovia também melhorou com a chegada dos trabalhadores para a obra. Pedro Alves de Oliveira, por exemplo, trabalha em uma empreiteira. Estava desempregado quando, há oito meses, foi contratado. Para ele, a duplicação traz progresso para a região.
"Vai trazer melhorias, muitas melhorias para nós, inclusive para Alexânia, a minha cidade. Aqui neste trecho, quase todos os empregados são de Alexânia", revela Oliveira. "Além de não faltar mais comida em casa, já comprei até um jogo de sofá e pretendo comprar muitas outras coisas."
*A equipe da Radiobrás viajou a convite do Ministério do Planejamento