Via Campesina diz que invasão foi protesto contra transgênicos e pela preservação da biodiversidade

15/03/2006 - 18h36

Milena Assis
Da Agência Brasil

Brasília - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota hoje para explicar os motivos de protesto promovido desde ontem (14) em campo experimental da Syngenta Seeds, em Santa Teresa do Oeste (PR). A ocupação, feita por agricultores do MST e outros movimentos ligados à rede internacional Via Campesina, visa protestar contra os alimentos geneticamente modificados (transgênicos) e chamar a atenção para a necessidade de preservação da biodiversidade.

A manifestação acontece na mesma semana da 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3), evento que discute, entre outros temas, a regulamentação do comércio de produtos transgênicos. Ele ocorre em Curitiba (PR).

Na nota, Roberto Baggio, da coordenação do MST, diz que os camponeses pedem a intensificação da fiscalização na área ocupada pela Syngenta, porque há ali um experimento ilegal de cerca de 12 hectares de cultivo de soja geneticamente modificada, em área próxima ao Parque Nacional do Iguaçu - onde estão as Cataratas, declaradas Patrimônio da Humanidade.

Baggio diz ainda, na nota, que, além da produção de soja, há indícios de experimentos de milho transgênico na área da empresa transnacional. "Esperamos que o governo federal abra uma negociação direta com os defensores da biodiversidade para buscar uma saída".

Segundo o documento, os movimentos sociais também manifestaram ontem insatisfação em relação à proposta que o Brasil defende na 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena. Ela permite que produtos geneticamente modificados brasileiros sejam transportados se, no rótulo, constar a palavra "contém".

Na declaração, os movimentos sociais lembraram que o artigo 18.2(a) do Protocolo de Cartagena exige informações sobre o armazenamento, transporte e manipulação dos produtos que contêm transgênicos. Segundo eles, a indefinição da proposta brasileira nada tem a ver com a biossegurança, e sim com a pressão do agronegócio.