Ocupação do MST em fazenda do Rio Grande do Sul unifica 14 acampamentos gaúchos

01/03/2006 - 15h38

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre – "A maior ocupação dos últimos anos no estado" do Rio Grande do Sul, como definiu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), reuniu cerca de 2 mil pessoas de 14 acampamentos gaúchos, entre elas, 400 crianças. "Desde o fim dos anos 90 o movimento não realizava no Rio grande do Sul uma ocupação que reunisse tantas pessoas de diferentes acampamentos" explicou Ana Hanauer, da coordenação estadual.

Ela disse que esta ocupação tem um caráter diferente porque, além de unificar acampamentos, as famílias estão dispostas a permanecer na fazenda, transformando-a num assentamento, e conquistar áreas para todos os acampados. "Uma prova de que a ocupação não pretende ser provisória é que as famílias estão construindo os barracos com madeira, não com lonas", afirmou a coordenadora, destacando que um dos primeiros barracos construídos foi o da escola itinerante.

Edenir Valssoler, da coordenação estadual, disse que o MST tem apenas uma reivindicação: o assentamento imediato das 2.500 famílias acampadas no Rio Grande do Sul. "Algumas famílias estão há sete anos embaixo das lonas pretas. Nos últimos três anos somente 220 famílias foram colocadas em novos assentamentos no estado", afirma.

Valssoler afirmou que a Fazenda Coqueiros, de propriedade da família Guerra, é um dos maiores latifúndios do estado, "com 7 mil hectares, suficiente para assentar cerca de 350 famílias" e que o proprietário "tem um histórico de dívidas bancárias e de descumprimento da legislação trabalhista".

A superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Rio Grande do Sul (Incra/RS) acompanha o desenrolar dos acontecimentos, mas não quis se manifestar sobre a questão.

O superintendente regional Angelo Menegat, disse que o Instituto continua formalizando a aquisição de áreas destinada ao assentamento de agricultores sem-terra no estado. "A última delas está em Santana do Livramento, na fronteira Oeste gaúcha. A propriedade possui 1.337 hectares, onde deverão ser assentadas, pelo menos, 38 famílias", garantiu Menegat.