Policiais retiram acampados do MST de área no norte do Rio Grande do Sul

23/02/2006 - 20h52

Porto Alegre, 23/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul acusou hoje (23) o governo gaúcho de "tratar a reforma agrária como caso de polícia". Sílvio Santos, da coordenação estadual do MST, citou o que ocorreu no município de Nonoai, "onde 480 famílias que estavam acampadas às margens da RS-406 foram sitiadas desde a tarde de ontem (22)".

Segundo Santos, hoje a polícia montou barreiras na rodovia e desviou o trânsito, isolando o acampamento: "Havia um acordo no ano passado, entre o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o governo do estado, de liberação de mais de R$ 10 milhões em recursos para compra de terra para assentamentos. Mas em vez de agilizar o processo de aquisição de áreas, o governo está gastando um absurdo para mobilizar tropas e despejar famílias".

A área ocupada pelo acampamento, argumenta o MST, é de domínio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e não houve qualquer negociação. "Nós fizemos um acordo com a Promotoria de Justiça, afirmando que sairíamos do acampamento. Por volta das 6 horas, os policiais entraram no acampamento, rasgaram lonas dos barracos, revistaram os sem-terra e apreenderam nossos instrumentos de trabalho", relatou Santos.

A Polícia Militar gaúcha colocou 300 homens no local para monitorar a área e concluiu na tarde de hoje a retirada dos acampados, em operação que utilizou 20 caminhões de mudança. Os colonos bloquearam as rodovias em Sarandi, Nova Hartz, Coronel Bicaco e Arroio dos Ratos, em protesto contra a decisão da Justiça que determinou a saída do grupo. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, todos os trechos já foram liberados.