Brasília, 8/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) prendeu hoje (8) os donos da fazenda Sankara, localizada no município de Nova Lacerda (MT). Amauri Heitor de Mendonça e Onuhar de Mendonça foram presos, segundo informou o sub-procurador geral do Trabalho e coordenador nacional de combate ao trabalho escravo, Luiz Camargo, depois de terem provocado um conflito entre a Polícia Militar e agentes da Polícia Federal, que integravam o grupo, com uma falsa denúncia de que sua fazenda estaria sendo assaltada.
Luiz Camargo informou que pela manhã integrantes da equipe de fiscalização foram à fazenda Sankara apurar uma denúncia de que naquele local estariam sendo mantidos trabalhadores em regime análogo à escravidão. Ao chegarem à fazenda, deram voz de prisão a um capataz por porte ilegal de arma. Segundo Camargo, o capataz imediatamente se comunicou por rádio com o fazendeiro, informando que estava sendo preso pela PF.
Logo em seguida, ainda de acordo com o procurador, os donos da Sankara fizeram um "comunicado falso", de assalto com refém, à Polícia Militar de Nova Lacerda. Os policiais chegaram atirando contra os integrantes do Grupo Móvel.
Luiz Camargo condenou a ação e disse ela será investigada até o fim. "Situações como essa não podem ficar sem resposta firme do Poder Público. Nós da Procuradoria Geral do Trabalho vamos exigir que o Poder Público Federal tome medidas duras com relação a este caso", disse, em entrevista à Agência Brasil.
Não houve feridos no tiroteio, mas os fazendeiros foram presos por tentativa de homício e por falsa comunicação, informou o procurador, acrescentando que o caso será discutido amanhã (9), durante a reunião da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), com a presença do secretário Especial dos Direitos Humanos, ministro Paulo de Tarso Vannuchi; e do ministro do Trabalho, Luís Marinho.
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel é composto por fiscais e procuradores do Trabalho, delegados e agentes da Polícia Federal. Também conta com a ajuda da Procuradoria da República, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama). Nos últimos três anos, o grupo realizou 219 operações de combate ao trabalho escravo, 170% a mais que entre os anos de 2000 e 2002. Os principais estados onde ocorreu a libertação de trabalhadores foram o Pará, Mato Grosso, Tocantins, Bahia e Goiás.