Marcos Chagas
Repórter Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), vai requerer oficialmente ao empresário Roberto Colnaghi a afirmação de que não recebeu pagamento do Partido dos Trabalhadores (PT) pela utilização de um de seus aviões pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em depoimento na CPI, Palocci disse que usou o avião de Colnaghi para fins partidários e que o vôo teria sido pago pelo PT, mas o empresário desmentiu a informação pela imprensa.
Roberto Colnaghi também é investigado por denúncias de que um avião de sua propriedade, emprestado ao PT, teria sido usado para transportar caixas de uísque de Brasília a São Paulo. Nas caixas, estariam dólares doados pelo governo cubano para campanhas eleitorais do partido.
Segundo Garibaldi, é necessário o empresário oficializar sua versão junto à CPI para que possa ser confrontada com as declarações dadas por Palocci na comissão. "Tanto o ministro Palocci foi incisivo, quando disse que o PT pagou pelo uso do avião, quanto o empresário foi firme, ao dizer que não recebeu pagamento do partido", afirmou o senador.
O senador ressaltou que as duas versões conflitantes não comprometem o depoimento prestado por Palocci na CPI. Para ele, essa é uma questão "pontual" que deve ser investigada pela CPI. Amanhã (7), às 9h30, o relator e o presidente da comissão, senador Efraim Moraes (PFL-PB), terão uma conversa com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim.
"Vamos tentar instaurar um clima de cooperação entre o Legislativo e o Judiciário", afirmou Garibaldi. O Supremo concedeu liminares protegendo o direito ao sigilo bancário de investigados da comissão como o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, e o empresário Roberto Carlos Kurzweil.
No que se refere a Kurzweil, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolou na comissão novo requerimento pedindo a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário. O senador sustenta que "Kurzweil teve seu nome incluído no rol de investigados da comissão em virtude de sua participação nas operações de fornecimento de dólares para o PT via Cuba e via Angola".
Álvaro Dias lembra que o empresário também é investigado por inquéritos do Ministério Público Federal em razão de remessa de recursos não-declarados para o exterior. Garibaldi Alves destacou, no entanto, que a votação dos requerimentos dependerá da conversa que ele o presidente da CPI terão com Nelson Jobim.