Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília – Os Estados Unidos concordam com a posição do Ministério da Agricultura do Brasil sobre a identificação de carregamentos internacionais de alimentos geneticamente modificados, os chamados transgênicos. O ministério defende que a expressão "Pode conter OVM" (organismos vivos modificados) esteja nesses carregamentos.
A informação foi dada hoje (6) pelo coordenador de Biossegurança do Ministério da Agricultura, Marcus Vinicius Coelho, que participa da reunião do Comitê Consultivo Agrícola Brasil-EUA. A expressão "Pode conter OVM" é preferível para o ministério em relação à outra, "Contém OVM", porque evita que sejam implementados caros processos de detecção e rastreabilidade nas colheitas, o que aumentaria o preço dos produtos brasileiros no mercado internacional. O Ministério do Meio Ambiente defende a expressão "Contém OVM". O gerente de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Rubens Nodari, diz que é preferível "uma informação mais detalhada, por conta da biossegurança".
Técnicos dos países estão reunidos no Ministério da Agricultura, em Brasília, trocando informações sobre o Protocolo de Cartagena. Trata-se de um tratado ambiental, em vigor desde setembro de 2003, que tem o objetivo de evitar danos ambientais no trânsito e comércio de transgênicos. Mesmo não tendo ratificado o documento, explicou Marcus Vinicius, os Estados Unidos estão preocupados com os efeitos do protocolo sobre o comércio global de produtos agropecuários.
Outro grupo do comitê discute aspectos relacionados ao Codex Alimentarius. O fórum consiste num ponto de referência para o comércio internacional de alimentos. Segundo o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Rogério Pereira da Silva, foi colocado em debate a realização de vídeo-conferências entre Brasil, Estados Unidos e a União Européia. Isso, segundo ele, facilitaria o entendimento entre os blocos e daria mais agilidade nas decisões.
Rogério da Silva acrescentou que o Brasil pediu apoio norte-americano para se tornar sede do Comitê de Aditivos e Contaminantes, hoje sediado na Holanda. "Não existe comitê do Codex em países em desenvolvimento. O Brasil tem interesse em coordenar o comitê sobre Contaminantes de Alimentos pela grande importância que representa no estabelecimento de limites de agrotóxicos, os quais possuem um grande impacto no comércio mundial de alimentos", destacou.