Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 700 jovens reunidos na Assembléia Continental do Povo Guarani, no município de São Gabriel (RS), discutem um calendário de mobilizações para cobrar do governo federal mais atenção nas áreas de educação e trabalho. Segundo a representante do Movimento dos Trabalhadores Desempregados Cláudia Teixeira Camatti, 17 anos, as atividades devem ter início em maio.
"A idéia é que a gente continue se reunindo nas nossas cidades, nas nossas regiões, durante fevereiro e março, preparando uma jornada de lutas estadual, ou quem sabe nacional, que deve começar em maio ou no meio do ano".
Para ela, a dificuldade de acesso ao ensino gratuito e de qualidade e a falta de oportunidades de trabalho são os dois principais problemas enfrentados atualmente por grande parte dos jovens brasileiros.
"A gente está conclamando toda juventude brasileira a se organizar, vir para a rua com os movimentos sociais e lutar por melhores condições de vida. A gente sabe que o Brasil é muito rico e que a juventude tem condições de ter uma vida muito melhor", disse Cláudia, integrante da Consulta Popular, organização que reúne militantes de vários movimentos sociais.
A Assembléia Continental do Povo Guarani começou na sexta-feira (3) e termina amanhã (7). O evento foi organizado para lembrar os 250 anos da morte do líder indígena Sepé Tiaraju e o massacre de 1,5 mil guaranis que lutaram contra a dominação espanhola e portuguesa na região.
Na avaliação de Cláudia Teixeira, ao longo dos anos, um processo de exclusão colocou índios, negros e brancos em situação semelhante. "O povo que está nas periferias, que está no campo e não tem acesso a condições de produzir, os indígenas que não têm a sua terra para morar, todos constituem uma classe que, apesar das diferenças culturais, têm em comum a questão da exclusão. É isso que nos une e aí é que está a semelhança entre a nossa luta", destaca.