Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse não acreditar que a falta de deputados na sessão de hoje (3) da Casa seja uma "manobra" para atrasar o andamento dos processos disciplinares no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. "Eu não vejo por aí. Se alguém faz essa análise conspiratória, eu não me incluo entre essas pessoas", disse Chinaglia.
Apenas 32 deputados registraram presença hoje no plenário e não houve sessão. Na terça-feira passada (31), em reunião de líderes, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), estabeleceu uma cota de presença para cada partido de modo a garantir, às segundas e sextas-feiras, a presença de pelo menos 51 deputados – quórum necessário para a abertura das sessões.
Apesar de estar na Casa, Arlindo Chinaglia não compareceu ao plenário até às 9h30, horário em que se encerram os registros de presença. "Eu tratei como um dia normal de trabalho e de fato não fiquei atento à questão do relógio", afirmou. Para ele, "os líderes de cada partido é que vão responder pelas suas bancadas".
O deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), um dos 32 que estavam em plenário, lamentou a falta de parlamentares, mas destacou que a semana na Casa foi "proficiente". Ele comparou ainda as atividades na Câmara com as do Senado, onde teve sessão. "Enquanto isso, o Senado Federal realiza sua sessão e cria comparativamente uma situação que desfavorece a Câmara dos Deputados", destacou Benevides.
Já o deputado José Roberto Arruda (PFL-DF), que também foi ao Congresso hoje, classificou o regime de trabalho dos deputados como "arcaico". Na opinião de Arruda, algumas semanas deveriam ser reservadas para os parlamentares visitar suas bases eleitorais. "Enquanto tivermos essa regra do jogo, está muito ruim", afirmou.
Outro deputado presente foi Alberto Fraga (PFL-DF). Para ele, os parlamentares devem se "conscientizar", já que não são servidores públicos que têm que trabalhar em um horário estabelecido. "Não temos cartão de ponto, o deputado tem que ter consciência de seus deveres e comparecer sempre que a Câmara o convocar", disse.
Nenhum deputado do PL, PCdoB, PPS, PSB, PTC e PMR compareceu à sessão de hoje. Os partidos que cumpriram a cota foram PDT, PV, Psol, PSC e Prona. Dos demais partidos, apenas alguns deputados compareceram, não totalizando o número acordado na reunião de líderes.
O argumento do presidente da Câmara para estabelecer as cotas é de que, mesmo sem votações, as sessões são importantes para contar prazos para as votações de propostas de emenda à Constituição (PEC) e para as representações do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Aldo Rebelo também não foi ao parlamento hoje. O presidente da Câmara está em viagem oficial, a trabalho, para os estados do Amazonas e Roraima, onde se reúne com governadores, parlamentares locais e prefeitos.