Meirelles aponta queda na dívida relativa e fim de endividamento em dólar como vantagens para o país

03/02/2006 - 14h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A queda nos últimos anos na relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no país, aponta para a consistência da política econômica brasileira, disse hoje (3) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, ele encerrou o seminário "As perspectivas sócio-econômicas para 2006".

A relação dívida/PIB é considerada pelos analistas como indicador da "saúde" financeira porque indica qual a capacidade do país de gerar receita para cumprir seus compromissos assumidos. Ela é determinante, por exemplo, no cálculo que bancos privados fazem do chamado "risco-país".

Segundo Meirelles, até setembro de 2002, essa relação era ascendente, atingindo naquele ano 61,7%. A partir daí, com o início do governo Lula, esse indicador entrou em trajetória cadente. Meirelles afirmou que a razão para isso foi "uma mudança de dinâmica fundamental".

Para o presidente do BC, 2004 foi um ano positivo na administração dessa trajetória descendente. Ele disse que ocorreu uma "queda importante" da relação dívida pública/PIB nesse ano. Em 2005, ano de ajustes, segundo ele, com crescimento econômico menor e taxas de juros mais elevadas, a trajetória foi "estável", apenas levemente decrescente. Para este ano, segundo Meirelles, a expectativa é positiva. "Prevê-se um crescimento maior e uma taxa média de juros menor", explicou.

Meirelles também chamou a atenção para a redução da porcentagem da dívida pública brasileira indexada ao dólar ao longo do governo Lula. Em 2002, segundo ele, 40,7% da dívida do país estava atrelada à moeda estrangeira. Hoje, essa dívida foi totalmente substituída por títulos em reais. "Isso é uma conquista importante da sociedade brasileira, na medida em que a questão fundamental para cada país é ter a capacidade de se endividar na própria moeda".

Para o presidente do BC, essa redução "mostra que o Brasil está superando aquilo que foi o seu grande limitador histórico de crescimento". "O Brasil está cada vez mais em condições de resistir a choques, o que faz com que o país tenha, portanto, melhores condições de permitir que as famílias e as empresas se planejem, tenham maior confiança nos seus resultados e condições de investir mais e aumentar o potencial de crescimento sustentado."