Paulo Machado e Eliane Gonçalves
Enviados especiais
Florianópolis – O início efetivo das obras de duplicação da rodovia BR-101 Sul entre Palhoça (SC) e Osório (RS), em janeiro de 2005, despertou o surgimento e a ampliação de investimentos na região Sul de Santa Catarina. Segundo o coordenador do Departamento Nacional de Infra Estrutura em Transportes no estado (Dnit-SC), engenheiro João José dos Santos, os investimentos devem ser ampliados devido às vantagens logísticas que a região passará a oferecer.
O engenheiro responsável pelas obras no Dnit-SC cita alguns exemplos dos futuros investimentos, como na indústria de embalagens. "A indústria de embalagens flexíveis, um dos setores mais fortes na região, vai ampliar seus negócios. Uma delas, por exemplo, que tinha uma fabrica de 1,7 mil metros quadrados em Criciúma (SC), está construindo outra unidade em Içara (SC) com 7 mil metros quadrados. Eles abastecem boa parte do país com copos descartáveis e embalagens plásticas e vão aumentar a produção de 300 toneladas mensais para 800 toneladas com a nova fábrica. Vão passar de 95 empregados para mais de 300", diz.
Munido de recortes de jornais da região, o coordenador do Dnit-SC relata que diversos municípios estão se preparando para receber as industrias que devem migrar para o sul do estado pela facilidade de acesso e de escoamento da produção para os mercados consumidores das regiões Sul e Sudeste do Brasil. A região também passará a ser ponto estratégico de exportação para os países do Mercosul. "A prefeitura de Palhoça abriu um parque industrial de 250 mil metros quadrados. Em Capivari de Baixo, foi implantado um distrito industrial para receber 40 indústrias. Em Criciúma, um novo parque vai abrigar 150 indústrias e, em Içara, 79 indústrias vão se instalar em três novos distritos industriais com 504 mil metros quadrados", enumera.
Para o prefeito de Laguna (SC), Célio Antonio, a obra já está trazendo uma série de impactos positivos como a valorização dos imóveis urbanos em mais de 30%. "Com a melhoria do acesso rodoviário à cidade, o fluxo de turistas do Mercosul como argentinos e uruguaios deve aumentar muito, além dos turistas internos como paulistas e paranaenses que são esperados para ocupar os mais de oito mil lotes que estão à disposição", afirma. Na opinião de Célio Antônio, Laguna deverá se transformar em um grande balneário turístico nos próximos anos à semelhança do que aconteceu com Camboriú, no norte do estado, depois da duplicação da BR-101 Norte – trecho entre Florianópolis e a divisa com o Paraná.
Laguna também se prepara para receber indústrias. Dois parques industriais, um ao sul outro ao norte da cidade, estão sendo implantados. "O fato de Laguna contar com um porto, uma ferrovia e mais a rodovia duplicada, a torna uma cidade estratégica para as empresas se instalarem", diz o prefeito.
O coordenador do Dnit-SC, João José dos Santos, cita que a duplicação da rodovia vai evitar perda de investimentos. O engenheiro cita o exemplo da General Motors, que chegou a fazer testes de embarque de veículos no porto de Laguna (SC), mas desistiu de instalar uma fábrica na região devido as limitações impostas pela BR-101, preferindo investir no município de Gravataí (RS), servido pela BR-290, já duplicada.