CVM pretende estimular empresas brasileiras a abrir capital

30/01/2006 - 14h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vinculada ao Ministério da Fazenda, pretende colocar em audiência pública nos próximos meses a instrução de número 202 para estimular as abertura de capital na bolsa de valores por parte de empresas brasileiras. O documento ainda está em fase de elaboração.

A medida tem por objetivo estabelecer uma diferenciação entre as companhias, a partir de dados como porte e região, por exemplo, de modo a simplificar as regras de entrada no mercado de capitais a empresas de pequeno porte em regiões mais afastadas do país, por exemplo.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger, avaliou que o movimento de abertura de capital deve ser mais intenso em 2006 em relação à 2005. "Há um ânimo nesse sentido, sem dúvida nenhuma", disse, acrescentando que a queda da taxa básica de juros (Selic) também torna as taxas mais convidativas para as empresas.

O presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Neves Penteado Moraes, concorda com a estimativa feita por Plöger, de que mais empresas devem abrir seu capital à bolsa de valores este ano. "A abertura de capital está na necessidade de a pessoa alavancar o seu negócio acima dos recursos que ela consegue gerar pela sua própria atividade", explicou o executivo. "Então, ela começa a acrescentar sócios com o objetivo de crescer mais rapidamente", acrescentou.

Segundo ele, esse movimento acontece geralmente em economias que estão apresentando alta taxa de crescimento ou em segmentos que precisam "tirar um atraso" em relação aos investimentos que estavam sendo requeridos. "No Brasil, essas são condições que a gente pode vislumbrar", avaliou.

Nesse sentido, Moraes indicou que a possibilidade de abertura de capital pode ser observada em setores como siderurgia, energia e transportes, por estes registrarem um ritmo de crescimento acelerado. "São setores dinâmicos, com oportunidades de investimentos consideráveis. E esses são os sintomas de quem procura abertura de capital", afirmou.

De acordo com o executivo, é interessante, para o Brasil, que um maior número de empresas diponham seu capital em bolsa, porque isso significa uma maior confiança dos investidores internos e externos.