Corretor atribui prejuízo em operações a gestores de fundos de pensão

30/01/2006 - 17h45

Marcos Chagas
Repórter Agência Brasil

Brasília - O dono da corretora Laeta, Cezar Sassoun, atribuiu aos gestores de fundos de pensão os prejuízos causados em operações no mercado realizadas pela empresa com recursos de fundos como a Prece e Sistel. Sassoun e seu irmão Isaac prestaram depoimento hoje (30) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios.

O sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), apresentou dados ao corretor mostrando que, de todas as operações realizadas pela Laeta com recursos da Prece no mercado, 77% trouxeram em resultados negativos para o fundo de pensão.

Segundo o deputado, no caso do Sistel, fundo de pensão do antigo Sistema Telebrás, os prejuízos foram ainda maiores. De todas as operações da Laeta com dinheiro do Sistel, 83% geraram prejuízos ao fundo nos últimos cinco anos. Cezar Sassoun disse que sua empresa apenas "cumpria ordens" dos gestores dos fundos de pensão nas negociações dos títulos no mercado.

No caso de títulos próprios, Sassoun disse que a ordem para comprar ou vender era dada pela própria diretoria do fundo de pensão. "As investigações da CPMI é que vão mostrar de quem era a responsabilidade. Os gestores dos fundos vieram aqui e quiseram transferir as responsabilidades pelos prejuízos às corretoras. Agora, a Laeta diz que a responsabilidade é do gestor. Não vejo como a corretora esteja agindo de forma inocente", disse Antonio Carlos Magalhães Neto.

Ao ser questionado pelo deputado sobre as investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em operações realizadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Sassoun deu a entender o parlamentar estaria "agindo como fiscal da comissão". Sassoun afirmou que a pergunta não se justificava, uma vez que o assunto estava na CVM e não precisaria ser investigado pela CPMI.

Antonio Carlos Magalhães Neto lembrou a Sassoun que "quem decide o que interessa ou não para a CPMI são os parlamentares". O deputado disse que tanto a BM&F quanto a CVM tem contribuído com a comissão, encaminhando todos os documentos requeridos pela sub-relatoria a respeito de transações feitas por corretoras com recursos de fundo de pensão.