Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
O governo eleito do Haiti deve cuidar para não voltar a práticas de governos anteriores. A avaliação é do professor da Universidade Federal de Santa Maria Ricardo Seitenfus, enviado ao país para fazer relatório sobre a missão de paz da Organização das Nações Unidas (Minustah) no país, que concedeu entrevista à Radiobrás.
"É necessário que se coloque um ponto final a práticas abusivas tanto dos poderes estabelecidos quanto da oposição", disse o professor. "Sobretudo a atitudes violentas como assassinatos, seqüestros, raptos, atentados – enfim, a violência política deve ser banida da vida política do Haiti. Esse é um ponto essencial, senão voltaremos a uma situação de crise como nós encontramos desde 2004."
Seitenfus também afirmou que a situação política do país é muito complexa e que a missão da ONU deve garantir que o governo eleito e oposição se respeitem. "É uma campanha num país paupérrimo, um país extremante instável, com condições socioeconômicas muito difíceis", observou. "São 35 candidatos, isso quer dizer que haverá 34 perdedores. Nossa intenção é fazer com que esses perdedores aceitem o resultado das urnas, façam evidentemente uma oposição, mas também que o vencedor respeite a sua oposição e haja uma conciliação nacional a partir do momento em que o povo haitiano se pronunciar sobre o seu futuro."
O Brasil coordena as tropas de paz no Haiti, onde mantém mais de mil homens. O relatório elaborado pelo professor será entregue ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.