Beatriz Pasqualino
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor-presidente da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Maurício Botelho, afirmou hoje (20) que não vai ser o Brasil ou a empresa que vai resolver o impasse sobre o veto dos EUA com relação à venda de aviões militares nacionais para a Venezuela. Segundo ele, a questão será solucionada entre os governos norte-americano e venezuelano. "Na há uma posição dos EUA contra o Brasil ou a Embraer", disse.
Em entrevista coletiva concedida em São Paulo, Botelho afirmou acreditar em uma solução para o caso, principalmente porque as aeronaves em questão não têm fins de guerra. "O avião de que estamos falando não é de agressão. É de fazer valer a lei, voltado para missões contra tráfico de drogas e de armas. Como o combate a esses crimes não preocupa só a Venezuela, isso nos anima a achar que haverá uma solução para o negócio".
A venda de 24 aviões Tucanos da Embraer foi vetada pelo governo norte-americano, que alegou que o negócio poderia desestabilizar a América Latina, fazendo referência a uma possível estratégia armamentista da Venezuela. Como essas aeronaves brasileiras têm componentes eletrônicos com tecnologia dos Estados Unidos, a comercialização dos aviões precisa ser liberada pelos departamentos de Comércio ou de Estado norte-americanos.
O presidente da Embraer descartou ainda a possibilidade de adquirir esses componentes em outros países. "Isso envolveria questões maiores e um novo projeto do sistema, que requer grande investimento, tempo longo e que talvez não se pague numa encomenda desse tipo". A venda dos 24 aviões de fabricação brasileira para a Venezuela envolve negócio de valor abaixo de US$ 200 milhões, segundo Botelho.
Ontem (19), em encontro em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que o governo brasileiro está negociando com os Estados Unidos a liberação da venda dos aviões. Já o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil não concorda com a posição norte-americana. Ele afirmou que já conversou com a secretária de Estado Condoleezza Rice e que aguarda uma resposta.