Funai avalia que visita de comitiva do governo dá apoio para índios Guarani-Kaiowá

28/12/2005 - 7h15

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na avaliação do assessor da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Mato Grosso do Sul, Odenir de Oliveira, a presença da comitiva do governo que visitou os Guarani-Kaiowá despejados de suas terras no último dia 15 é uma "garantia" de apoio. "A presença de diferentes órgãos do Estado colocou uma certa garantia de que haverá um compromisso do governo brasileiro de apoiá-los dentro do que estabelece a lei", afirma em entrevista à Agência Brasil.

A missão formada pelo ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes e dois delegados da Polícia Federal ao município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul, esteve na região ontem (27) para avaliar a situação após o assassinato do índio Dorvalino da Rocha.

Segundo Odenir de Oliveira, a visita reforçou também a disposição da Polícia Federal em apurar o crime. "Para os índios isso é fundamental. Na medida em que fique impune [o assassinato] eles têm medo de um novo caso acontecer a qualquer momento."

A missão se reuniu ainda com fazendeiros para buscar diminuir o clima de tensão na região. O assessor da Funai avalia que a situação está mais tranqüila, porém, o risco de novos conflitos ainda existe. Segundo ele, os grupos armados não acabaram e os índios precisam retirar lenha e buscar alimentos das hortas plantadas nas terras de onde foram despejados.

No último dia 15, após decisão judicial que suspendeu a demarcação das terras Nhande Ru Marangatu, os índios Guarani-Kaiowá foram despejados pela Polícia Federal no Mato Grosso do Sul. Dos cerca de 730 índios que tiveram que desocupar as terras, aproximadamente 400 estão acampados à beira da estrada que liga os municípios de Antônio João e Bela Vista.

A desocupação ocorreu de forma pacífica. Mas, enquanto os índios retiravam os seus pertences do local, fazendeiros atearam fogo em diversas casas, como relatou à Agência Brasil as lideranças indígenas. Com base na denúncia, o Ministério Público abriu inquérito para averiguar a possível omissão da polícia no caso.