Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou em 6% seus empréstimos por meio de operações indiretas – realizadas por meio de outros bancos. Segundo o BNDES, o crescimento ficou abaixo da expectativa e foi motivado pela seca no Sul e Centro-Oeste do país e a queda da produção agrícola.
A avaliação é de Maurício Borges Lemos, diretor da Área de Inclusão Social do BNDES. Ele revelou que a esses fatores se juntaram a queda de preços no mercado internacional e a valorização do Real, que impactaram também de forma negativa no desempenho do banco. Maurício Borges Lemos informou que, excetuando a parte agrícola, o crescimento observado nos desembolsos do BNDES para operações indiretas atingiu 44% em 2005. As liberações aumentaram de R$ 8 bilhões em 2004, para R$ 11,6 bilhões neste exercício.
Na linha Finame Agrícola, referente a empréstimos para compra de tratores, máquinas e implementos agrícolas, as liberações de recursos efetuadas pelo BNDES caíram 52%, passando de R$ 4,6 bilhões em 2004, para R$ 2,2 bilhões este ano. Já na Finame não agrícola, que envolve financiamento para aquisição de caminhões, ônibus e bens de capital sem rodas, os desembolsos cresceram 45%, evoluindo de R$ 6,8 bilhões em 2004 para R$ 9,8 bilhões em 2005. Maurício Borges Lemos destacou, dentro da linha Finame não agrícola, os recursos concedidos no âmbito do programa Modermaq, para modernização do setor industrial, que representaram R$ 1,7 bilhão do total concedido pela instituição nessa área.
Somando as linhas Finame agrícola e não agrícola, o diretor do BNDES observou que o crescimento registrado nos desembolsos foi de 4,5%, "mais coerente com o rendimento da área de operações indiretas". As liberações subiram de R$ 11,5 bilhões, no ano passado, para R$ 12 bilhões.
A área de operações indiretas do BNDES engloba empréstimos a pessoas físicas, onde está concentrado o agronegócio, através de boa parte da Finame(agência especial de financiamento de máquinas e equipamentos); micro, pequenas e médias empresas para investimentos fixo e de giro, no programa BNDES Automático; e o cartão de crédito BNDES, para compras de máquinas e equipamentos através do portal eletrônico do banco, também voltado aos pequenos empreendimentos.
No BNDES Automático, Borges Lemos disse que o desempenho foi "razoável, muito acima da inflação". Os desembolsos cresceram 19%, passando de R$ 1,5 bilhão em 2004 para R$ 1,8 bilhão este ano. Dentro dele, destacou-se o programa de apoio ao capital de giro de aglomerações industriais(Progeren), com R$ 385 milhões, que representou 22% do total liberado nessa linha. Lemos lembrou que o Progeren acaba de ser prorrogado novamente para até junho de 2006, por ser "um programa bem sucedido pelo lado qualitativo".
Já o BNDES Automático Agrícola também mostrou queda de 3,6% nos desembolsos. Maurício Borges Lemos afirmou que a sinalização dada pelo Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, é de que haverá recuperação do setor agrícola em 2006, o "que vai ajudar a compor um bom resultado para o BNDES". Ele está trabalhando com meta de desembolsos para a área de operações indiretas no próximo ano entre R$ 18 bilhões a R$ 20 bilhões. Essa faixa corresponde a 35% do orçamento de R$ 60 bilhões previsto pela instituição para 2006.