Vannuchi diz esperar que STF reveja processo de demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul

27/12/2005 - 13h02

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – O governo federal espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja a liminar do ministro Nelson Jobim, que no dia 15, suspendeu a demarcação das terras Nhande Ru Marangatu, no Mato Grosso do Sul, que acarretou o despejo de mais de 700 índios Guarani-Kaiowá. A afirmação foi feita hoje (27) pelo secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, em entrevista à Agência Brasil.

Ele integra uma missão composta pelo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, e dois delegados da Polícia Federal – que saiu na manhã de hoje (27) de Brasília em direção ao acampamento indígena Guarani-Kaiowá, na margem da rodovia que liga os municípios de Antônio João e Bela Vista (MS).

"Aguardamos, com uma expectativa positiva, o julgamento do pleno do Supremo Tribunal Federal [STF], diferente da liminar do ministro Jobim que ocasionou no despejo do dia 15", disse Vannuchi.

Segundo ele, a missão fará um levantamento das necessidades dos índios desapropriados para providenciar a ajuda emergencial. "Estou colhendo as reivindicações emergenciais como a situação de água, alimentação e da instalação dos mais de 700 Guaranis que estão acampados à beira da estrada", afirmou.

De acordo com Vannuchi, a missão será rápida e volta ainda hoje à Brasília. "Serão feitas as anotações das medidas emergenciais que deverão ser adotadas a partir de amanhã. Posteriormente, vamos acionar os ministérios envolvidos, por meio da Presidência da República, para analisar como vamos equacionar a questão da alimentação e tudo mais que for preciso para assegurar esse clima de não reedição de atos violentos", explicou o secretário, referindo-se ao assassinato do índio Dorvalino Rocha, no último sábado (24), em Antônio João.

Paulo Vannuchi informou também que, logo após a visita às comunidades indígenas, a missão irá "dialogar" com representantes da sociedade rural e fazendeiros locais. "Nós viemos trazer uma palavra de compromisso de que o governo federal está empenhado, a Polícia Federal já está com inquérito instaurado e está determinada a levar as investigações às últimas conseqüências", concluiu.