Pobres precisam mais de ação que de doação, defende diretora de ONG no <i>Diálogo Brasil</i>

21/12/2005 - 21h56

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - "Os pobres precisam mais de ação do que de doação", afirmou hoje (21) a diretora executiva da organização não-governamental RioVoluntário, Heloísa Coelho, no programa Diálogo Brasil, exibido em rede pública de televisão. Segundo a diretora, cada um precisa fazer a sua parte para "transformar a realidade".

A solidariedade é o tema do programa nesta noite e Heloísa Coelho defendeu, no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, que o voluntariado contribui significativamente para o fim da desigualdade social. "A solidariedade não pode ser pontual, mas um exercício contínuo", afirmou.

No estúdio da TV Cultura, em São Paulo, Sérgio Haddad, da Ação Educativa e diretor da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), acrescentou que "é difícil pensar em solidariedade em um país onde a desigualdade social e a exclusão social são tão grandes". E lembrou que "as questões de injustiça são muito maiores que as de solidariedade".

De acordo com Haddad, justiça social não é equiparar o consumo dos pobres com o dos ricos, mas a existência um usufruto igualitário dos recursos naturais. "Solidariedade não é um repasse de migalhas para os mais pobres, mas diminuir o padrão de consumo dos que consomem de maneira exagerada. Significa distribuir renda", disse.

Em Brasília, no estúdio da TV Nacional, a socióloga Eliana Graça, do Instituto de Estudos Sócio-Econômicos (Inesc), defendeu que o assistencialismo não resolve a questão. Para ela, o problema da desigualdade social só será resolvido com uma assistência estrutural. "O Estado não assume e não reconhece os problemas, porque a exclusão e a desigualdade não afetam a sociedade", ressaltou. Para haver uma mudança estrutural, afirmou, é necessária a responsabilidade da sociedade global e do Estado.

Também no estúdio da TV Nacional, o professor e historiador Robson Arrais lembrou que o Brasil é um país cristão e a tendência é que no Natal o assistencialismo aumente, mas defendeu que esses projetos também aconteçam ao longo do ano. Segundo Arrais, "o projeto de solidariedade tem que passar pela educação".

Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior. O programa é transmitido ao vivo para todo o país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.