Tuberculose em indígenas tem taxa 10 a 15 vezes maior que entre brancos, avalia pesquisadora

19/12/2005 - 12h26

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os Pataxó, do sul da Bahia, os Jenipapo-Kanindé, do Ceará, e os Xavante, de Mato Grosso, são alguns dos povos indígenas a serem beneficiados com os 24 projetos de pesquisas sobre saúde dos povos indígenas vencedores do edital de seleção pública promovido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Juntos, esses projetos dividirão um repasse de R$ 1 milhão.

A professora e pesquisadora Susan Martins Pereira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma das vencedoras do edital, apresentou projeto sobre as condições de vida e tuberculose nas populações indígenas na Bahia. "Nosso trabalho será no sentido de conhecer melhor e entender os fatores que determinam essa situação de saúde dos povos indígenas aqui na Bahia e o entendimento dos fatores que levam ao adoecimento dessas populações", diz ela.

Segundo ela, as estimativas sobre o índice de tuberculose na população urbana em geral variam entre 54 a 78 casos a cada 100 mil habitantes. Na população indígena, diz a pesquisadora, os estudos disponíveis mostram que a doença ocorre em valores 10 a 15 vezes maiores.

O valor aprovado para a pesquisa de Susan Pereira é de R$ 50 mil, valor que ela considera adequado para começar o trabalho, mas insuficiente para completá-lo. "Teremos que buscar outras fontes complementares. O pesquisador no Brasil precisa aprender a trabalhar com poucos recursos."

De acordo com a pesquisadora, o Brasil é um dos 20 países com maior número de tuberculose no mundo e os povos indígenas são populações que têm problemas de inserção, de acesso a trabalho e sofrem muitas vezes problemas de desestabilização em seus grupos étnicos. "Tudo isso favorece a ocorrência de condições que podem facilitar o desenvolvimento de tuberculose", explica.