Rio, 16/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - A demanda de energia elétrica do Brasil até 2010 está tecnicamente contratada. A afirmação é do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, em entrevista coletiva ao fim do leilão de novas energias, realizado hoje (16). Para ele, o resultado da negociação não vai garantir redução de preços das tarifas para o consumidor, mas evita que elas sofram aumento.
O leilão movimentou um total de R$ 68,4 bilhões em contratos de fornecimento de energia e foram negociados 51 empreendimentos. Entre eles, 20 novas usinas – sete hidrelétricas e seis térmicas que ainda serão construídas; quatro hidrelétricas e três térmicas chamadas "botox", que são os projetos que entraram em operação depois de 2000, mas sem contrato de venda de energia até 16 de março do ano passado.
O resultado final do leilão representou para as hidrelétricas preços médios de R$ 106,95 por MWh (megawatt por hora) para 2008, R$ 113,89 por MWh para 2009 e R$ 114,83 por MWh para 2010. No caso das térmicas, os valores médios ficaram em R$ 132,26 por MWh para 2008, R$ 129,24 para 2009 e R$ 121,81 por MWh para 2010. O volume total de energia contratada foi de 3.286 megawatts médios (MW), dos 5.434 MW médios disponibilizados pelos geradores.
Segundo o ministro Rondeau, 71% da carga de energia prevista pelo governo foram negociados na licitação. Ele afirmou que restam ser contratados 1,2% da demanda de energia elétrica no país para 2009 e 4,5% para 2010, mas o saldo do leilão foi positivo. "O resultado foi satisfatório. O volume de energia que ainda falta ser contratado pode representar o próprio ajuste de mercado", disse.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tomasquim, esse leilão é um marco. "Não me lembro de fato semelhante na história do Brasil, de se ter, com cinco anos de antecedência, praticamente 100% da demanda contratada para todos os anos".
As sete novas usinas hidrelétricas que foram negociadas na primeira etapa do leilão, no início da manhã, conseguiram vender o total de 804,6 MW, representando investimentos de 3,270 bilhões. As estatais Furnas, Cemig e Eletrosul, adquiriram as usinas de maior potência. A maior hidrelétrica oferecida no leilão – Simplício, com 333,7 MW e investimento de R$ 1,441 bilhão, foi adquirida por Furnas. A estatal comprou ainda a hidrelétrica de Baguari, de 140 megawatts e investimento de R$ 487,5 milhões, em consórcio com a Cemig e a Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, única estrangeira no leilão de novas usinas.
A Eletrosul comprou a concessão da usina de São João, que representa um investimento de R$ 267,5 milhões para gerar 77 MW. As outras novas usinas hidrelétricas, de menor porte, foram compradas pela Orteng Equipamentos – a de Retiro Baixo (82 MW) – e pela empreiteira Alusa, que levou as de Rio Claro (68,4 MW) e a São José (51 MW).