Protesto em Hong Kong pede que fim de barreiras não afetem agricultura familiar

16/12/2005 - 17h51

Mylena Fiori
Enviada especial

Hong Kong – Cerca de 20 lideranças de entidades de defesa dos pequenos produtores rurais e camponeses do mundo todo fizeram, hoje (16), um protesto pedindo que a redução das barreiras comerciais não afetem a agricultura familiar. "Mesmo nos países do primeiro mundo, existem centenas de milhares de agricultores familiares que, com este modelo do agronegócio exportador, estão sendo eliminados. Nos países da África, Ásia e América Latina a situação é mais grave ainda", denunciou o coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf), Altemir Tortelli.

O protesto ocorreu durante a 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Os agricultores lembram que quando a organizacao foi criada, há 10 anos, o discurso era de que a abertura do comércio acabaria com a fome no mundo. "Esse modelo liberalizante não serviu e, na nossa avaliação, é contra a agricultura familiar pois gera fome,gera desemprego, gera êxodo rural", afirmou Tortelli.

Os pequenos agricultores pretendem lançar documento conjunto ainda durante a 6 Reunião Ministerial da OMC, que termina no próximo domingo, na China. Devem pedir que o tema da agricultura não seja mais tratado pela OMC.

O vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, aproveitou a ocasião para elogiar o esforço de união no mundo em desenvolvimento, anunciado minutos antes por reptresentantes dos diferentes grupos de países. Um documento conjunto foi lançado hoje por G 20, G 33, G 90, ACP (África , caribe e Pacífico), LDCs (Países de Menor Desenvolvimento Relativo), Grupo Africano e Pequenas Economias. "Estão acontecendo coisas importantes em Hong Kong, principalmente possibilidades dos explorados se unificarem contra a exploração do comércio mundial", opinou.

O ato de protesto transcorreu tranqüilamente, até ocorrer uma manifestação contrária. Dois jovens engravatados apresentaram-se como militantes da organização Freedom for Trade (Liberdade para o Comércio, em inglês). Questionaram a representantivade do movimento dos camponeses. "Vão para casa, vocês não significam nada, não representam ninguém", gritavam.