Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou hoje (16) o resultado da operação Uiraçu. Parte do Plano Nacional de Combate ao Desmatamento, a ação integra a estratégia de combate ao desmatamento no sul do Amazonas.
Dos 28 mil hectares de terras vistoriados, em 16 mil deles os fiscais encontraram algum tipo de irregularidade (ligadas à derrubada da floresta ou a queimadas não autorizadas). Elas originaram 205 autos de infração, que somam um montante de R$ 54,6 milhões de multas aplicadas. Ao todo, 20,3 mil metros cúbicos de madeira foram apreendidos, além de 15 motosserras e três motocicletas.
Das 40 serrarias inspecionadas, apenas duas não tiveram problemas com a legislação – 26 delas foram autuadas, nove foram embargadas (impedidas temporariamente de funcionar) e três foram desmontadas.
Os doze municípios do sul do Amazonas – Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Pauini, Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí – estão no chamado "arco do desflorestamento" (área em formato de arco onde se concentra o desmatamento na Amazônia, abrangendo também parte do Pará, Mato Grosso e Rondônia).
Os municípios do sul do Amazonas ficam na fronteira com Mato Grosso, Rondônia e Acre e sofrem a pressão de migrantes e dos empresários do agronegócio (principalmente pecuária e monocultura de soja). "No momento do flagrante, nem sempre é possível identificar os autores do desmatamento. Então, é preciso trabalho de inteligência para chegar até eles. As investigações continuam, mas já mostram a existência de quadrilhas de grilagem de terras, disfarçadas de cooperativas", revelou o gerente-executivo do Ibama, Henrique Pereira.
A Uiraçu é a quinta operação conjunta do governo federal e estadual no sul do Amazonas, desde 2002. "A gente sabe que, quando os fiscais vão embora, os criminosos tendem a voltar à região. Nos anos anteriores, permanecemos no máximo 45 dias em campo. Neste, foram 170 dias. Conseguimos combinar uma operação ostensiva com uma ação intensiva, durante todo o período da seca prolongada, entre maio e novembro", comemorou Pereira.
Participaram da Uiraçu (nome de um gavião em risco de extinção) 113 pessoas de 12 órgãos públicos: Ibama, Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal, Polícia Militar do Amazonas, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, 7º Comando Aéreo Regional (Comar), Instituto de Terras do Amazonas (Iteam), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e 4ª Companhia de Inteligência do Exército. Elas percorreram pouco mais de 115 mil quilômetros quadrados por terra e água e sobrevoaram a floresta de helicóptero durante 56 horas. O custo total da operação foi de R$ 550 mil.
Segundo o chefe de Controle Ambiental do Ipaam, major Sena, no próximo ano, as ações integradas de combate ao desmatamento serão realizadas também em Rondônia e no Acre. "Esperamos reunir cerca de 300 pessoas na operação de 2006, que deverá ser iniciada por volta de maio e durar em torno de seis meses", adiantou.