Lula compara ''denuncismo'' no Brasil a críticas feitas a Chávez na Venezuela

16/12/2005 - 14h34

Carolina Pimentel
Repórter da Agencia Brasil

Brasília - No lançamento da pedra fundamental da Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (16) voltou a criticar o que ele identificou como denuncismo no país. Lula afirmou que está vivendo "algo semelhante" ao que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que também participou do evento, já enfrentou. Lula se referia a críticas feitas pela imprensa venezuelana a Chávez.

O presidente disse que jamais imaginou que os ataques que a imprensa fez a Chávez poderiam ocorrer em um país democrático como a Venezuela.

"Estamos vivendo no Brasil algo semelhante. Estamos vivendo um momento em que as pessoas não têm preocupação em saber se é verdade ou não a denúncia. Primeiro, se publica para depois não ter nenhuma responsabilidade em apurar. Uma denúncia que não tem apuração, prova, mas que vai marcando a alma de cada pessoa atacada. E muitas vezes não se tem a grandeza de pedir desculpas quando se reconhece que estava errado", ressaltou.

Lula relembrou a trajetória dos presidentes Juscelino Kubitschek, que foi perseguido, e Getúlio Vargas, que foi odiado por parte da elite brasileira. Apesar das criticas feitas ao governo, Lula disse que não está magoado. "No meu coração, não existe mais espaço para mágoa e rancor. Existe espaço para a compreensão, cada coisa que acontece dia-a-dia, seja bom ou ruim. Como haverá o dia do juízo final para cada um de nós, haverá o dia em que a verdade ira prevalecer".

A Refinaria Abreu e Lima será construída pela Petrobras e pela estatal venezuelana de petróleo PDVSA a partir de 2007. Os investimentos devem chegar a US$ 2,5 bilhões, divididos igualmente entre as duas empresas. A refinaria entrará em operação em 2011 e terá capacidade para processar até 200 mil barris de petróleo por dia e derivados do óleo como nafta, gasolina, óleo diesel, querosene de avião e gás de cozinha.

A idéia é abastecer os mercados do Norte e Nordeste do Brasil com derivados de petróleo, principalmente óleo diesel, para reduzir as exportações desses produtos. A refinaria recebeu o nome de Abreu e Lima em homenagem ao general pernambucano que lutou com Simon Bolívar pela independência de países latino-americanos como a Venezuela.