Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Fazendeiros do Mato Grosso do Sul tentam passar uma boiada onde estão abrigados, desde ontem, 508 índios Guarani-Kaiowá, despejados por ordem da justiça federal da área já homologada que ocupavam. Eles estão na estrada que liga a cidade de Antonio João a Bela Vista, no Mato Grosso do Sul e a boiada destruiria os barracos e pertences dos índios.
A pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), o prefeito de Antonio João, Junei Marques, está indo para o local, tentar impedir os fazendeiros. "Vou ver o que posso fazer para não deixar que isso aconteça. Vou conversar para tentar sensibilizar, o último recurso que tenho é a polícia", disse em entrevista exclusiva à Agência Brasil. O assessor da presidência da Funai, Odenir Oliveira, também está no local, onde a situação é tensa.
Ainda ontem, às 13 horas, após saírem da terra sem resistência, os Kaiowá começaram a construir barracos na beira da estrada. Hoje, ao amanhecer, os índios recomeçaram o trabalho correndo contra o tempo e a chuva que ameaça cair.
Boa parte das casas, roupas, comida e vestuário foram queimadas pelos fazendeiros enquanto os Guarani-Kaiowá carregavam o que tinham. Os policiais não impediram o início da ação dos fazendeiros, que queimaram boa parte das casas indígenas, e só agiram após insistentes pedidos dos índios. A denúncia dos incêndios, feita ontem pela Agência Brasil, motivou o Ministério Público Federal em Dourados a abrir processo administrativo para averiguar a ação da polícia, que tinha 150 homens no local.