Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Integrantes do Governo Eletrônico Brasileiro reagiram com indignação às críticas de ativistas do movimento civil de apoio ao software livre em relação ao programa federal de implementação de programas de computador livres e de código aberto.
Em entrevista à Agência Brasil, Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, e Renato Martini, presidente do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI) e coordenador do Comitê de Implementação do Software Livre (um dos oito integrados ao Governo Eletrônico) rechaçaram, com veemência, a possibilidade de que não fosse mais uma política de governo a adoção de programas livres, assim chamados porque possibilitam livre compartilhamento e aperfeiçoamento entre os usuários. "Não há iniciativa como a brasileira, encampada por um governo, para adoção de software livre", observa Martini.
Recentemente, o americano Richard Stallman, criador do GNU (projeto que deu origem ao Linux, hoje o mais difundido sistema livre de programas de computador em todo o mundo) e da Free Software Foundation, disse, também em entrevista à ABr, ter sabido que ministros estavam voltando atrás na decisão do governo brasileiro de apoiar os programas livres.
Para ele, isso constituiria uma espécie de "traição", contra o país e em favor das empresas internacionais de software proprietário – como a Microsoft, líder do mercado no segmento de sistemas operacionais para computadores pessoais (PCs), citada por ele como exemplo de empresa que opera nesse modelo de negócio.
Para Renato Martini, presidente do ITI, as acusações de Stallman "não têm fundamento". "Primeiro porque ele não conhece a realidade brasileira e segundo porque um ministro não está preocupado com uma questão técnica para fazê-la parar", diz.
Martini lembra o caso do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que chegou a fazer declarações questionando a opção pelo software livre, logo que assumiu o cargo, no meio do ano. "O próprio ministro Hélio Costa apoiou e aderiu à política porque não só entendeu que era uma ‘bandeira’ do governo, mas também porque é uma tecnologia boa, que nos trará várias vantagens, entre elas a redução de dependência tecnológica das grandes empresas fabricantes de programas de computador proprietário", diz o presidente do ITI.
Martini também questiona a autoridade de Stallman ao dar declarações sobre a política brasileira de suporte ao software livre: "Quem é esse americano para interferir na política de informática brasileira? Quem é ele para insinuar que ministros brasileiros se vendem para a Microsoft?", indaga o coordenador do Comitê do Software Livre.
Santanna e Martini também lembram que a decisão de apoiar a adoção e a difusão dos programas livres é uma decisão de governo, não é tomada em função da posição pessoal de um ou outro ministro em relação ao tema. "(O software livre) nunca deixou de ser política de governo. Podemos citar várias iniciativas de adoção e migração, inclusive com uso de pessoal próprio, sem gastos adicionais nesse processo", observa Santana. A decisão foi reforçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, ao assumir este ano o cargo, lembra Martini.