Mylena Fiori
Enviada especial
Hong Kong – Os integrantes do G 20 - grupo formado atualmente por 21 países em desenvolvimento que defendem corte nas tarifas de importação sobre produtos agrícolas - divulgaram hoje (13) uma declaração afirmando que continuam unidos na luta pelo fim das distorções no comércio internacional de produtos agrícolas. O grupo é composto por países da América Latina, África e Ásia, que juntos representam cerca de 60% da população mundial, 70% da população rural do mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais.
Indiretamente, o documento sugere que sejam resguardadas as eventuais tentativas de desarticulação por parte dos países em desenvolvimento. A declaração foi publicada em Hong Kong (China), durante a 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O G 20 é um grupo diversificado de países", afirmou o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim. "Temos em comum o fato de que todos somos contra os subsídios, as barreiras e as distorções no comércio agrícola, mas há nuances diferentes. Freqüentemente há uma tentativa de separar, e é natural que isso ocorra num processo negociador. Mas estamos seguros de que isso não será um problema", avaliou.
O documento também menciona a união em torno de interesses comuns do G 20 com outros grupos de países em desenvolvimento - como as nações menos desenvolvidas (conhecidas pela sigla em inglês LCD), os membros da União Africana, os países da África, Caribe e Pacífico (ACP), o Caricom (Comunidade do Caribe), o G 90 e o G 33. Ainda hoje, o G 20 deve reunir-se com representantes desses grupos.
No final de novembro deste ano, Amorim foi à Tanzânia, na Conferência Ministerial da União Africana sobre as Negociações da OMC, para pedir a união entre os países em desenvolvimento e declarar o apoio do G 20 aos países mais pobres.
Agora, em Hong Kong, uma das bandeiras do grupo é o lançamento de um pacote de desenvolvimento voltado aos países de menor desenvolvimento, inclusive alguns que hoje integram o G 20, como a própria Tanzânia. Tal pacote permitiria o acesso livre de cotas e tarifas dos produtos de países pobres aos demais mercados e também estabeleceria salvaguardas especiais para países em desenvolvimento. Segundo o ministro brasileiro, essa seria uma forma de dar uma "satisfação" a países com preocupações defensivas na área agrícola.