Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil
Brasília - Parte do problema de demarcação de terras enfrentado pela etnia Krahô-Kanela, no estado de Tocantins, pode ser resolvida ainda neste ano. A informação é do presidente interino da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa, após reunião hoje (13) com o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, e cerca de dez integrantes da tribo.
Durante o encontro, ficou acertado que o Incra fornecerá os recursos para que a Funai compre os 7 mil hectares de duas fazendas já vistoriadas pelo Incra na região. A área, dentro dos quase 30 mil hectares reivindicados pelos Krahô, será transformada em uma reserva e abrigará os cerca de 400 membros da etnia. "Pela lei, o Incra só pode comprar terras para clientes da reforma agrária, ou seja, trabalhadores sem-terra e pequenos agricultores rurais. Assim, o instituto transfere recursos para a Funai, que realiza a compra dessas terras", informou Lustosa.
Estudos realizados na região habitada pelos Krahô-Kanela até 1977 indicam que a área reivindicada não é identificada como local tradicional do grupo. "O relatório divulgado pela Funai, em 2002, aponta que os elementos levantados para demonstrar que a terra era tradicional foram considerados insuficientes", contou Lustosa.
O líder dos Krahô-Kanela, cacique Mariano Ribeiro, considerou positiva a decisão tomada pelo governo hoje: "Foi um avanço muito grande porque nós encontramos parte da Funai sendo solidária e tentando ajudar a resolver nossa situação". O cacique enfatizou que a Funai vem se empenhando para resolver o impasse com os índios em curto prazo.
Depois da implantação da reserva, o próximo passo é conseguir recursos para que novas terras sejam identificadas dentro da área reivindicada pelos índios. Lustosa informou que o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), comprometeu-se a buscar esses recursos. Paim e integrantes do Conselho Indigenista Missionário também participaram da reunião hoje.