Mylena Fiori
Enviada especial
Hong Kong - A fixação de uma data para o fim dos subsídios à exportação de produtos agrícolas poderá dar impulso às negociações da Rodada de Doha, acredita o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Embora o fim desses subsídios não faça mais parte da barganha entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, a determinação de um prazo aqueceria a 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que começa hoje (13).
"Isso não é nenhuma concessão, nós sabemos que virá no final da rodada", afirmou Amorim às vésperas do início da conferência. "O compromisso já existe, mas fixar a data teria um forte valor simbólico". O fim dos subsídios à exportação foi acordado pelos países-membros da OMC em julho de 2004.
O ministro destaca que para as negociações avançarem efetivamente, é preciso que a União Européia melhore sua oferta de acesso a mercados para produtos agrícolas. O G20 propõe um corte médio de 54% nas tarifas dos países desenvolvidos e a proposta da União Européia é de um corte médio de 39%, sendo que 8% dos produtos (176 itens no total) são considerados sensíveis (não sujeitos ao corte médio) – e aí entram praticamente todos os produtos de interesse do Brasil.
Os europeus vêm afirmando que estão no limite de sua capacidade negociadora e não podem melhorar sua oferta. Na avaliação de Amorim, porém, há certa ambigüidade na posição dos europeus, uma vez que não explicitam se jamais farão oferta melhor ou se apenas não podem fazê-la nesse momento. "Sendo otimista e achando que não podem fazer agora, mas poderão fazer mais tarde, se pusermos uma data para o fim dos subsídios de exportação, vai haver uma demonstração de que há uma intenção séria de continuar avançando", avalia.
"Nós sabemos que se a União Européia não melhorar a oferta dela em acesso a mercados, os Estados Unidos não vão melhorar, e talvez nem mantenham sua oferta em subsídios internos. Então, nada anda", conclui o chanceler.