Procuradoria aguarda decisão da Justiça Federal para marcar interrogatórios sobre fraude na Daslu

09/12/2005 - 16h42

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os interrogatórios da dona da boutique Daslu, Eliana Tranchesi, e seu irmão, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, diretor financeiro da loja, serão marcados apenas no caso da Justiça Federal aceitar a denúncia de fraude feita pela Procuradoria da República na última quarta-feira (7).

"Do ponto de vista material esse é um dos crimes mais provados que eu já vi. Eu acredito que eles só mantiveram esse esquema porque tinham certeza da impunidade", disse o procurador da República, Jefferson Aparecido Dias. Sete pessoas foram indiciadas pela Procuradoria.

Dias explicou que durante o desembarque das mercadorias da loja foram encontradas as notas fiscais verdadeiras nas caixas enviadas pelas fábricas. As notas apresentadas pela empresa eram emitidas pelas importadoras com um valor que correspondiam a um décimo do valor real. Foram encontradas também cartas nas quais os envolvidos combinavam o valor do superfaturamento.

O procurador da República disse que a soma das penas mínimas dos crimes pelos quais Eliana e o irmão são acusados é de 21 anos. As penas são somadas devido à forma como a denúncia foi apresentada. Os dois estão sendo denunciados por seis descaminhos consumados e três descaminhos tentados e nove falsidades ideológicas, além de quadrilha ou bando. Para os donos das importadoras, a soma das penas mínimas varia de 2 a 14 anos, o que depende da participação de cada um no esquema.

Dias afirmou que existe uma oitava pessoa que está sendo investigada. "Sabemos que existem mais empresas, mas só temos provas para quatro. Em uma delas os sócios são ex-funcionários da Daslu, que trabalhavam no setor de importação da loja". O procurador salientou que os funcionários saíram da boutique para montar a importadora para trabalhar exclusivamente para a Daslu. "As empresas foram montadas para proteger os dois sócios (Eliana e Piva) e evitar que eles fossem descobertos".

Além da dona da Daslu e do irmão, foram denunciados cinco donos de importadoras que estão envolvidas em um esquema de fraudes nas importações. São eles: Celso de Lima (Multimport), André de Moura Beukers (Kinsberg), Roberto Fakhouri Junior e Rodrigo Nardy Figueiredo (Todos os Santos) e Christian Polo (By Brasil). Os denunciados são acusados de formação de quadrilha, descaminho (contrabando de mercadoria permitida) aéreo consumado e descaminho aéreo tentado e falsidade ideológica.

A assessoria de imprensa da Daslu informou que os advogados da empresa e da proprietária ainda não receberam o comunicado da justiça sobre a denúncia e que só se pronunciarão após analisar o documento.