Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo hoje (9) para que os demais mandatários do Mercosul pressionem as nações ricas para acabarem com os subsídios agrícolas, ajuda financeira ou indireta que os paises ricos dão aos seus agricultores e que prejudica as nações mais pobres, porque artificialmente torna competitivos os gêneros agrícolas europeus, americanos e japoneses em relação ao que é produzido em países em desenvolvimento.
"Eu penso que cada um dos presidentes do Mercosul que puder pegar o telefone e ligar para um, na sua contraparte, na Europa e nos Estados Unidos, para começarmos a fazer pressão, porque, senão, todos nós passaremos mais 20 anos vendo os pobres ficando mais pobres e os ricos ficando mais ricos", disse, durante participação na 29ª Reunião de Cúpula do Mercosul em Montevidéu (Uruguai).
O fim dos subsídios agrícolas é um dos principais temas da reunião ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC), entre os dias 13 e 18 de deste mês, em Hong Kong. Esta semana, Lula conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, George Bush, e o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair. O brasileiro sugeriu aos dois a realização de um encontro entre os chefes de Estado dos paises ricos e pobres para destravar as negociações sobre o assunto na OMC.
Para Lula, a questão não deve ser discutida por assessores, mas pelos presidentes dos paises. "Essa decisão e tão importante que não deveria ser mais uma decisão a ser tomada pelos nossos técnicos, pelos nossos ministros. Deveria ser assumida pelos presidentes da República".
Ele acrescentou: "Não é possível que uma tomada de posição dessa envergadura, em que estaremos jogando o destino de milhões e milhões de seres humanos, e muitos deles não têm nenhuma força para participar das organizações multilaterais, sobretudo na OMC, não sejam atendidos numa política humanitária, solidária e comercial dos países ricos para os países emergentes".
A idéia inicial do presidente brasileiro era que o encontro ocorresse antes da reunião ministerial da OMC. Agora, a intenção é que o encontro dos chefes de Estado seja realizado em janeiro. O presidente afirmou que pretende conversar com os governos da Alemanha e da França sobre a proposta.