Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os responsáveis pela elaboração das políticas nacionais de educação precisam se aproximar das realidades locais, avalia o diretor da Divisão de Políticas e Estratégias Educacionais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Asghar Husain.
"Vocês têm belos planos, mas na hora de implementá-los surgem as dificuldades e elas crescem à medida em que se chega ao nível local. Nos níveis mais altos está tudo certo, mas nos níveis locais há uma distância entre as decisões e a realidade", disse ele na abertura de um encontro técnico internacional sobre descentralização do financiamento da educação no Brasil.
Husain disse que essa reunião promovida Unesco em Brasília foi uma solicitação do E-9, grupo dos nove países que concentram 71% dos analfabetos do mundo. Além do Brasil, fazem parte do grupo a Índia, o Paquistão, o México, Bangladesh, a China, o Egito, a Nigéria e a Indonésia. Nesses países vive mais da metade da população mundial e mais da metade das crianças que estão fora da escola. Além do Brasil, que sediou o encontro, apenas Bangladesh mandou um representante.
Segundo Husain, a experiência brasileira em "responder às necessidades dos mais excluídos" mostra que é possível fazer mudança em áreas em que a maioria acredita ser impossível. Entre as iniciativas brasileiras positivas, ele destacou o programa de combate ao analfabetismo e a descentralização do financiamento da educação realizada através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
O secretário de Educação Básica, Francisco das Chagas, disse que o Brasil também tem interesse em conhecer a experiência de outros países. "Todos esses países têm discutido a redefinição de financiamento da educação. Queremos saber como esses países complementam os recursos das suas províncias, estados e municípios", afirmou. Essa troca de experiência, segundo o secretário, poderá contribuir para a discussão do Fundeb, o fundo que financiará a educação básica (ensino fundamental e médio).