Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - As macroalgas marinhas, também conhecidas como sargaço, encontradas em larga escala na natureza, vão poder ser usadas, em breve, como ração na dieta alimentar do camarão criado em cativeiro. Estudo do biólogo Robson Liberal, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), comprovou que o vegetal tem nutrientes necessários à alimentação do crustáceo com quantidade satisfatória de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais.
O pesquisador afirmou que outra vantagem da alga é a viabilidade econômica para pequenos produtores. Ele destacou, porém, que é preciso aprofundar a pesquisa do ponto de vista bioquímico e biológico, para analisar o comportamento desses ingredientes no desenvolvimento de organismos aquáticos. "Dessa forma será possível produzir espécies através da algocultura em ambientes marinhos".
As algas, que poluem as praias exalando odores desagradáveis, têm a vantagem, como ração, de ser de fácil digestibilidade e provocar pequena excreção. Com a alimentação usada tradicionalmente, a quantidade de dejetos jogados no meio ambiente é grande, principalmente nitrogênio e fósforo. Segundo Robson Liberal, essas substâncias auxiliam na propagação de microrganismos oportunistas e podem causar desequilíbrio na cadeia alimentar, já que reduzem a quantidade de oxigênio na água e provocam mortandade das espécies.
A descoberta representa uma alternativa importante para o Nordeste uma vez que a região concentra 98% da produção de camarão do país. As rações utilizadas atualmente pelos carcinicultores (criadores de camarão) são responsáveis por 70% dos custos de produção.