Ministério reconhece importância dos movimentos ligados aos moradores de rua

04/12/2005 - 8h59

Geysa Albuquerque
Da Agência Brasil

Brasília – O governo pretende liberar até o fim do ano R$ 2 milhões para os programas de geração de trabalho e renda com populações de rua de grandes centros urbanos. Os recursos vão financiar projetos já existentes nas capitais ou em municípios com mais de 300 mil habitantes.

Segundo a diretora do Departamento de Proteção Social Especial do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Rita Marchiore, essa era uma das principais reivindicações dos movimentos ligados aos moradores de rua.

"Eu acho muito importante que a gente esteja conversando sobre isso. É a primeira vez que o governo federal, para poder construir uma política, está chamando aqueles que já sabem fazer alguma ação com a população em situação de rua", disse ela, em entrevista à rádio Nacional AM na última semana.

"A população de rua é invisível no nosso país, ela nem é contada, por exemplo, no censo do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], que é o nosso número oficial de população brasileira."

Rita Marchiore afirmou ser um grande desafio, tanto para a sociedade como para as entidades, compreender a população de rua. "É aquela que já perdeu todo seu vínculo, com a sua família, com a comunidade. E ela tem no espaço da rua a sua vida, quer dizer, ela mora, vive trabalha, adquire recursos naquela situação de rua", explicou.

"Temos que fazer um trabalho contínuo, constante, isto é, todo dia, toda semana, estar em contato com essa população, descobrindo as possibilidades que essas pessoas têm de serem reincluídas no contexto social."

Segundo a diretora, foi iniciado um levantamento em dezembro do ano passado nos municípios brasileiros, no qual o ministério identificou que um trabalho "processual" consegue dialogar com o morador, ou seja, "quando essa população tem um trabalho, e é oferecido a ela um serviço, ela pode participar desse serviço, dialogando e manifestando seu interesse".