Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A viúva de Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, prefeito assassinado de Campinas, Roseana Moraes Garcia, disse na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos no Senado, que pretende mostrar que o assassinato do marido teve caráter político. Em seu depoimento aos senadores ela afirmou que Toninho "criava obstáculos a determinados interesses e esses interesses foram concretizados depois que ele foi assassinado".
Segundo ela, quando Toninho assumiu a prefeitura de Campinas, entrou com uma ação popular no Ministério Público contestando um contrato fechado no final do governo anterior com uma empresa de coleta de lixo. Roseana disse que o contrato estava superfaturado em 30% e, depois de negociações, o prefeito conseguiu rever o valor, com uma economia para a prefeitura de R$ 40 milhões.
Ela afirmou ainda que Toninho negou um alvará de funcionamento a uma casa de bingo, baseado numa lei municipal que prevê a distância mínima de 500 metros entre dois estabelecimentos de jogos. "Estranhamente, depois que ele morreu, o alvará foi concedido", revelou.
Roseana disse ainda que "o inquérito da polícia de Campinas foi mal conduzido". Ela afirmou que a polícia de seu município é comprometida. "Muitos policiais que saíram algemados da CPI do Narcotráfico (em 1999) participaram da investigação do assassinato de Antonio", afirmou. Ela revelou que na época chegou a pedir ajuda ao governo federal, para que a Polícia Federal entrasse no caso, mas não foi atendida. Segundo ela, a PF seria mais isenta.
Segundo Roseana, a versão da policia é de que Tonhinho estava no local errado e na hora errada. Ele teria atrapalhado a fuga de uma quadrilha de seqüestradores depois de uma ação frustrada do grupo. Toninho do PT foi morto em 10 de setembro de 2001, ao sair de um shopping de Campinas. Para Roseana, o crime não teve tanta repercussão na época por causa do atentado terrorista nos Estados Unidos, no dia seguinte.
O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB), informou que foi Roseana quem pediu para depor na comissão. "É uma pessoa que tem alguma coisa engasgada e quer jogar isso para a sociedade. Espero que traga atos novos", disse.