Para Dirceu, presidente foi ''transparente e tranqüilo'' em entrevista na TV

08/11/2005 - 18h15

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Pouco antes entrar no plenário da Câmara para participar dos debates sobre a Super Receita, o deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) comentou, a pedido dos jornalistas, a participação do presidente Lula, ontem (7), no programa Roda Viva, transmitido pela TV Cultura. Para Dirceu, o presidente foi "transparente" e "correto" em seus argumentos. Na entrevista, Lula afirmou que José Dirceu será cassado "por uma decisão política do Congresso Nacional".

"Ele falou aquilo que é verdade: não existem provas contra mim. Se me cassarem, será uma cassação politica. Na verdade, eu espero e tenho certeza de que a Câmara não me cassará", ressaltou Dirceu, que se disse "satisfeito", como cidadão e parlamentar, com a entrevista concedida pelo presidente Lula. "O Brasil está sendo bem liderado. Não é fácil enfrentar jornalistas experientes. E o presidente fez isso com tranqüilidade."

No Salão Verde do Congresso, o deputado petista também fez críticas à oposição, que não estaria agindo de acordo com as regras mínimas de "civilidade" no decorrer da crise política. Para Dirceu, os oposicionistas tentam "inviabilizar o país", negando-se a votar matérias no Congresso e propondo o impedimento do presidente da República com objetivo de disputar o poder, antecipando os debates eleitorais.

Sobre a votação do seu processo de cassação, marcada para o próximo dia 23, o ex-ministro reafirmou que irá manter todas as medidas legais capazes de impedir a violação de seus direitos. Entre elas, recursos no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pedindo a suspensão do processo por, entre outros argumentos, fim do prazo de tramitação.

No entendimento de Dirceu, os 90 dias previstos no regimento para que seu processo fosse finalizado chegam ao fim nesta semana. Em decisões anteriores, a CCJ discordou desse argumento e defendeu que o prazo é válido apenas para a tramitação no conselho, não sendo aplicado para o período em que o processo aguarda votação no plenário da Câmara.

"Se essa for a decisão da CCJ e do STF, estarei pronto para a votação no dia 23. A única coisa que peço à Câmara é justiça", afirmou José Dirceu. "Acredito que o cenário não está tão ruim assim. Cada dia os deputados se convencem de que não existem provas contra mim. Trata-se de um processo de banimento político, e não de cassação, similar ao que eu sofri na década de 60."