Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) transferiu para o seu partido a responsabilidade por dar explicações sobre o destino de R$ 4,1 milhões repassados pelo empresário Marcos Valério de Souza em 2003 para o ex-assessor parlamentar do PP, João Cláudio Genu. Segundo o presidente do partido, Pedro Corrêa, os recursos foram utilizados para pagar os honorários advocatícios para defesa de Ronivon, que enfrentava várias ações na justiça.
Ronivon depôs hoje (8) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos e negou que tenha recebido R$ 200 mil para votar, em 1997, a favor da emenda da reeleição que permitiu ao então presidente Fernando Henrique Cardoso candidatar-se a um novo mandato.
"Quanto a esses repasses do Marcos Valério ao PP eu não sei. Isso quem sabe é o meu partido, que pagou o meu advogado", disse Ronivon. Quanto à compra de votos de parlamentares para aprovar a reeleição, o parlamentar sustentou a versão que deu em 1997, de que não houve provas de que tenha recebido dinheiro para votar a favor da Proposta de Emenda Constitucional.
Para o presidente da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), existe uma fita gravada que mostra Ronivon Santiago negociando seu voto. Acrescentou que o caso está no Ministério Público, a quem cabe se pronunciar. "Se o Ministério Público não agiu até agora, vai funcionar a nossa (CPMI) indicação para que haja maior eficiência e determinação", disse Amir Lando.
O presidente da comissão, no entanto, considera mais importante a investigação sobre o pagamento de R$ 4,1 milhões por Marcos Valério ao PP. Segundo ele, há uma versão do próprio partido de que o beneficiário dos recursos teria sido Ronivon, por meio dos pagamentos de honorários advocatícios.