Conheça o perfil de 17 dos condecorados com a Ordem do Mérito Cultural

08/11/2005 - 14h22

Priscilla Mazenotti e Priscila Oliveira
Da Agência Brasil

Brasília - Com o tema Diversidade e Cidadania, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, entregam hoje (8) a Ordem do Mérito Cultural, considerada uma das mais importantes condecorações do governo federal. Ao todo, são 35 personalidades e quatro instituições que contribuem para a cultura brasileira, como artistas e intelectuais de outros países e grupos culturais.

A Ordem do Mérito Cultural premia, há uma década, pessoas que contribuíram para o incentivo e a divulgação em da cultura brasileira. O intelectual Darcy Ribeiro, o historiador e sociólogo Clóvis Moura, o teatrólogo peruano Lino Rojas e os mestres de capoeira Pastinha e Bimba recebem homenagem póstuma.

Conheça o perfil de 17 dos condecorados hoje (8) com a Ordem do Mérito Cultural:

Ana das Carrancas
A artista pernambucana aprendeu o ofício de moldar o barro aos sete anos, com a mãe louceira. A inspiração para suas carrancas veio do rio São Francisco, na década de 60. Hoje, aos 82 anos, os traços de suas carrancas mudaram: os olhos arredondados das primeiras imagens ficaram mais alongados e ganharam um ar melancólico. Desde 1973, suas obras são moldadas com um furo no olho numa homenagem ao marido cego. Mas, a mistura de animal e homem, característica de sua obra, nunca mudou.

Alfredo Bosi
Professor catedrático, ensaísta e historiador literário. Formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) em 1960 e, logo em seguida, ganhou bolsa de estudos na Faculdade de Letras da Universidade de Florença. Na volta ao Brasil, assumiu a cadeira de língua e literatura italiana na USP, onde ficou por dez anos. Na década de 70 passou a ensinar literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. É titular da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras.

Antonio Dias
Pintor, desenhista, artista intermídia, gravador. Paraibano de Campina Grande aprendeu as técnicas elementares do desenho com o avô. Em 1957, no Rio de Janeiro, estudou no Ateliê Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes, onde passou a mesclar o trabalho com o de ilustrados e desenhista de capas de livro, arquitetura e gráfico. Hoje, soma ao seu currículo mais de cem exposições individuais e outras 300 coletivas. Criou o Nucleio de Arte Contemporânea na Universidade Federal da Paraíba, na década de 70.

Antônio Meneses
Filho do trompista João Meneses, da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Antônio Meneses aprendeu a arte de tocar violoncelo aos 17 anos. Hoje, aos 48, já lançou perto de uma dúzia de discos e tocou com as principais orquestras do mundo, entre elas, a de Nova York, Israel, Moscou e Berlim. Compõe desde 1998 o trio Beaux Arts, criado em 1955.

Augusto Boal
Considerado grande teórico do teatro brasileiro, traduzido em mais de 20 idiomas, Boal é considerado sinônimo do Teatro do Oprimido, sem dogmas e onde o espectador é protagonista do espetáculo. Esteve envolvido com o Teatro Arena em São Paulo e com o Opinião, no Rio. Foi preso, torturado e exilado pela ditadura militar na década de 70. Passou por Peru, Venezuela, Colômbia, México e Equador, onde trabalhou com populações indígenas e criou o Teatro Imagem.

Augusto Carlos da Silva Telles
Arquiteto e professor. É Vogal Correspondente da Academia Nacional de Belas Artes de Portugal desde 1975. Tem artigos publicados em revistas de várias partes do Brasil e do mundo.

Carlos Lopes
Sociólogo, PhD em História pela Universidade de Paris e especialista em desenvolvimento e planejamento estratégico, é representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Organização das Nações Unidas (ONU).

Chico Science
Francisco de Assis França ficou conhecido como Chico Science. Um dos criadores do Movimento Mangue Beat e líder da banda Chico Science & Nação Zumbi, deixou dois discos gravados: Da Lama ao Caos e Afrociberdelia. Morreu em um acidente de carro em Olinda. Ver também as organizações e entidades premiadas com a Ordem do Mérito Cultural.

Cleyde Yáconis
Atriz. Fundou o teatro Cacilda Becker em 1957, junto com a irmã, a própria Cacilda Becker, o diretor de teatro polonês Zbgniew Ziembisnky e o ator Walmor Chagas. Uma das pioneiras da televisão brasileira, participou de Mulheres de Areias e Os Inocentes, além de Beto Rockefeller, fenômeno da televisão brasileira.

Clóvis Moura (in memorian)
Poeta, pesquisador, historiador, sociólogo e jornalista, autor do livro Rebeliões da Senzala: Quilombos, Insurreições, Guerrilhas, seu nome sempre esteve associado ao combate à desigualdade racial. Foi membro do Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas e da Associação Profissional dos Escritores de São Paulo. Faleceu em São Paulo, em 2003, aos 78 anos.

Darcy Ribeiro (in memorian)
Antropólogo, educador, ensaísta, romancista. Membro da Academia Brasileira de letras, com dezenas de livros publicados, Darcy Ribeiro recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Universidade de Sorbonne, em Paris. Criador e prmeiro reitor da Universidade de Brasília, foi ministro da Educação do governo Jânio Quadros e chefe da Casa Civil do governo João Goulart. Exilado por causa do golpe militar em 1964, foi assessor do presidente Salvador Allende, no Chile, e de Velasco Alvarado, no Peru. Faleceu em Brasília, em 1997.

Eduardo Coutinho
Cineasta. Filmou Cabra Marcado para Morrer, em 1984. Com o filme Edifício Master, ganha o Kikito de Ouro de melhor documentário no Festival de Gramado.

Egberto Gismonti
Filho de músicos, quando criança freqüentou o Conservatório de Música de Nova Friburgo. Cantor, compositor, arranjador, pianista, violonista, flautista. Por influência do chorinho, aprendeu violão e outros instrumentos de corda. Gravou mais de 50 discos.

Eliane Lage
A atriz fez sua carreira na época em que a Companhia Vera Cruz começa a criar uma indústria do cinema nacional. Eliane Lage participou dos filmes Caiçara (1950), Sinhá Moça (1953), Terra é sempre Terra (1952) e Ravina (1958). Em 2005 a atriz lançou sua autobiografia: "Ilhas, Veredas e Buritis".

Henri Salvador
O compositor, violonista, ator e cantor começou a tocar aos 11 anos quando ganhou de presente um violão de seus pais e aos 16 anos iniciou sua carreira em cabarés de Paris. Durante a Guerra, Henri Salvador tocou em várias partes do mundo e foi assim que surgiu a sua ligação com o Brasil. Em 2000, aos 83 anos, o compositor lançou o álbum Chambre Avec Vue, que tem uma forte influencia da música brasileira e recebeu vários prêmios de melhor artista e melhor disco do ano. Henri Salvador é o Patrono musical do Ano do Brasil na França.

Izabel Mendes da Cunha
A artesã aprendeu a moldar o barro com sua mãe quando ainda era criança e hoje, aos 81 anos, é a responsável por uma geração inteira de artesão que foram influenciados por seu trabalho. Em 2004 foi vencedora do prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina e Caribe. A Boneca de Cerâmica premiada pela Unesco foi exposta em Paris e hoje faz parte do acervo da Comissão do Desenvolvimento da do Vale do Jequitinhonha.

João Gilberto
O cantor e compositor começou sua carreira na década de 50 com as músicas Chega de saudade e Desafinado. Em 1964 gravou com Tom Jobim e o saxofonista Stan Getz a faixa Garota de Ipanema, que vendeu mais de um milhão de cópias. O cantor e compositor também gravou e regravou vários clássicos da música popular brasileira como Na Baixa do Sapateiro de Ary Barroso e Samba de Minha terra e Saudade da Bahia, de Dorival Caymmi.