Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, pediu hoje (8) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o Brasil lidere o combate à intolerância aos refugiados. Para o comissário, o Brasil é um exemplo no apoio aos refugiados e, por isso, tem "autoridade moral" para liderar essa luta.
Ele destacou que os governos e as sociedades precisam saber que o refugiado não é um criminoso ou terrorista. "Fiz um apelo particular ao presidente Lula para que ele assuma um papel muito ativo no combate à intolerância. O refugiado não é um foragido e é tratado como se não fosse alguém que teve que fugir da sua casa e de seu país por ser perseguido por suas idéias ou vítima de uma guerra civil. A verdade é que se eu quiser ser um terrorista e quiser entrar nos Estados Unidos, a coisa mais estúpida que poderia fazer era pedir asilo. Eu seria imediatamente preso e não teria nenhuma hipótese de passar despercebido", afirmou após reunião com Lula no Palácio do Planalto.
Guterres acrescentou que os refugiados são vítimas do terrorismo. "Quem quiser ser terrorista age no anonimato. Os refugiados não são terroristas, eles são vítimas do terrorismo. É preciso lutar contra a intolerância, a irracionalidade, a xenofobia e o racismo."
Cerca de 3 mil refugiados de 54 países vivem atualmente no Brasil. A maioria (75%) veio da África por causa dos conflitos armados no continente, de acordo com o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles, que preside o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). O governo brasileiro recebeu, neste ano, aproximadamente 350 pedidos de refúgio de pessoas de mais de 20 países.
Segundo o Estatuto dos Refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), é um refugiado quem é perseguido em razão da raça, nacionalidade, religião, opinião política ou vive em regiões em guerra e busca proteção em outros países.