Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os presidentes do Brasil e da Rússia, Luiz Inácio Lula da Silva e Vladimir Putin, discutiram hoje, em Moscou, o papel dos dois países no cenário internacional, em termos políticos e econômicos. Ao comentar o encontro entre Lula e Putin, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, informou que eles conversaram também sobre o processo de reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e que o presidente russo reiterou seu apoio à participação do Brasil nesse organismo.
De acordo com o chanceler brasileiro, Vladimir Putin destacou também o papel das relações da Rússia com o Brasil no contexto da América Latina. O incremento dos negócios bilaterais que vem ocorrendo nos dois ou três últimos anos, e especialmente, depois da visita de Putin ao Brasil, foi outro assunto discutido pelos dois presidentes, segundo informou Amorim.
"Brasil e Rússia não têm problemas geopolíticos; por isso, podemos trabalhar dentro de um raciocínio estrutural", afirmou o ministro. Ele disse que o Brasil tem de trabalhar na diversificação da oferta comercial, pois há um campo muito aberto para isso na Rússia.
O chanceler Celso Amorim informou que o Brasil assinou três memorandos na área espacial e que há possibilidade de participação da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) na construção de jatos regionais na Rússia. Ele disse que empresas russas querem estabelecer comércio com o Brasil também na área energética e no fornecimento de turbinas para hidrelétricas.
O ministro lembrou que o Brasil apoiou a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e "nunca relutou nisso, pois significa também um maior equilíbrio para a própria instituição. Ele observou que a Rússia tem problemas na área de segurança alimentar, pois não tem condições de produzir o necessário para seu consumo. "Por isso, é importante para eles terem o Brasil como parceiro comercial, o que lhes dá uma garantia de fornecimento. Temos razões para acreditar que o comércio vai crescer mais ainda", afirmou Amorim.
Segundo o ministro, no encontro com Lula, o presidente russo demonstrou compreensão com o problema do foco de febre aftosa detectado em Mato Grosso do Sul. "O país entendeu que se trata de um problema localizado". De acordo com Amorim, o presidente brasileiro informou Putin sobre o que está sendo feito na área delimitada e falou das "providências enérgicas que estão sendo tomadas" para combater a doença. O presidente Putin disse que eles estão vendo a questão "dentro da proporcionalidade que há", e que querem continuar comprando do Brasil, afirmou o chanceler.