Dirceu promete apresentar "contravoto" ao Conselho de Ética

18/10/2005 - 19h51

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O deputado José Dirceu (PT-SP) prometeu apresentar, nas próximas 48 horas, um "contravoto", rebatendo ponto por ponto o relatório e o voto do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). "No meu contra voto eu vou desmontar argumento por argumento, declaração por declaração do relator", disse. Dirceu diz que irá comparecer, na sexta-feira de manhã, à reunião do Conselho de Ética para discussão e votação do parecer e do voto do relator.

Dirceu criticou os argumentos apresentados por Delgado, responsável pelo relatório do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sobre a acusação contra o ex-ministro-chefe da Casa Civil.

"O relator procurou construir a minha condenação. Toda tentativa dele foi construir um discurso em uma série de pedaços de depoimentos para provar que eu tinha relação com Marcos Valério", disse José Dirceu. Para Dirceu, a posição adotada pelo relator é política: "Eu não sabia, mas eu tinha que saber, então eu não posso ser inocente. Isso é um pré-julgamento. Isso é um tribunal de exceção. Não é um julgamento. Ele tem que provar que eu sabia. Ele não provou isso."

Segundo ele, o voto de Delgado "tem uma parte ideológica que é retórica de condenação da minha ação como ministro, mas não tem provas". Em entrevista à imprensa após a leitura do voto do relator, José Dirceu voltou a garantir que é inocente e que vai provar isso. "Não há provas de que eu organizei, que eu participei, que eu fui omisso em relação ao mensalão, nem que houve mensalão nesta Casa", afirmou, referindo-se ao suposto esquema de compra de votos de parlamentares para que aprovassem projetos do governo federal.

"Acredito que o voto do relator continua na linha de buscar uma prova para me cassar, ou seja: me condenaram e agora buscam uma prova", disse o ex-ministro para afirmar que o relatório contém má-fé. "A má-fé continua quando o relator usa parte de depoimentos ou de documentos e oculta outra parte como é público e notório que os bancos [Rural e BMG] negam que eu tenha discutido com eles a questão dos empréstimos".