Polícia começa a ouvir testemunhas da morte de sindicalista gaúcho

03/10/2005 - 12h01

Porto Alegre, 3/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Civil de Sapiranga (RS) começou a ouvir hoje (3) as testemunhas da morte do sindicalista Jair Antônio da Costa, ocorrida sexta-feira (30), após confronto com a Polícia Militar, durante uma manifestação contra o desemprego no setor calçadista do estado. O titular da Delegacia de Polícia de Sapiranga, Pedro Marques, disse que serão mais de 30 depoimentos.

Segundo o laudo preliminar do Posto Médico Legal, de Novo Hamburgo, o sindicalista sofreu asfixia mecânica, contusão hemorrágica da laringe e traumatismo cervical fechado. O incidente ocorreu durante a dispersão do protesto, organizado por sindicatos de sapateiros da região, para denunciar a crise do setor e pedir soluções para o desemprego na região do Vale dos Sinos. De acordo com testemunhas, após o bloqueio da rodovia que dá acesso à cidade (RS-239), o sindicalista foi contido por policiais da Brigada Militar (BM) e levado ao hospital local.

O comando da brigada afastou das atividades os cinco policiais envolvidos no caso. O subcomandante-geral da corporação no estado, coronel Ilson Pinto de Oliveira, disse que o objetivo é "possibilitar que o inquérito apure a verdade e os responsáveis". O secretário de Justiça e Segurança, José Otávio Germano, afirmou que o governo gaúcho "não tem nenhum compromisso que não seja com a verdade". Ele garantiu a transparência nas investigações "com a imediata entrada do Ministério Público no caso" e destacou que quem vai apontar os envolvidos são os inquéritos já abertos pelas polícias Militar e Civil.

Jair Antônio da Costa, de 31 anos, que deixou esposa e um filho, foi sepultado sábado (1º) no cemitério municipal de Igrejinha (RS). Depois da cerimônia, manifestantes bloquearam a RS-115 durante 10 minutos pedindo justiça. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado, Quintino Severo, convocou todas as categorias do setor para uma reunião, hoje à tarde, na sede do sindicato de Sapiranga, "para definir as ações que darão continuidade às reivindicações dos trabalhadores calçadistas e pressionar o governo estadual por transparência nas investigações sobre a morte do sindicalista".