Rio, 3/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - A informalidade da economia brasileira vai ser mais bem avaliada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do modelo que está sendo elaborado para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no país. A informação é do coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto.
Segundo ele, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) permanecerá como referência, mas o conceito de pessoal ocupado será substituído pelo conceito de vínculos
ou de postos de trabalho. "Passa a considerar as pessoas que tenham um segundo ou terceiro emprego. Então é computado, de acordo com as recomendações, o número de postos de trabalho e não o número de pessoas ocupadas", explicou.
Para Olinto, a alteração não é fator determinante para mudar o cálculo, e o que importa é o auxílio na análise crítica do dado. "É uma informação adicional ao sistema e serve para melhorar um cálculo de produtividade por número de postos de trabalho. A renda já estava medida na pesquisa de orçamentos familiares, que dá o gasto das famílias e aprimora o vetor de consumo", acrescentou.
O novo modelo inclui também informações sobre o Imposto de Renda de Pessoa Judírica, o que para o coordenador vai permitir detalhar melhor o que está sendo subdeclarado. "A gente trabalhava na Pnad as pessoas por conta própria. Agora, a gente vai poder encontrar uma empresa que está no Imposto de Renda e não está na pesquisa", disse.
Olinto explicou ainda que dessa forma será possível, inclusive, verificar as empresas que têm até quatro empregados, o que não aparecia na pesquisa anual da Indústria – um dos quatro marcos do novo modelo, ao lado das pesquisas do Comércio, dos Serviços e da Construção Civil. "Os dados estarão mais bem localizados. Não quer dizer que vamos passar a capturá-los – nós já os capturávamos com os instrumentos possíveis. Agora, visualizaremos melhor o que é subdeclaração das empresas e o que é efetivamente informalidade das famílias", informou.
Com a nova metodologia, o IBGE vai ampliar a análise de comportamento de 43 para 56 atividades e de 80 para 104 produtos. Olinto admitiu que haverá mudança de peso dessas atividades e produtos, mas acrescentou que serão mais adequadas ao momento atual da economia.
As mudanças deverão estar concluídas no ano que vem e a expectativa é a de que já sejam adotadas no cálculo do PIB de 2006, a ser divulgado em 2007.