País precisa de 7% de crescimento e não de 3,4%, diz economista

29/09/2005 - 18h36

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – "Crescer em média a 3,5% não muda a cara do Brasil", avalia o economista João Sicsú, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para ele, o governo tem de reduzir a taxa de juros básica e controlar o câmbio para que o país volte a crescer de 7% a 8% ao ano, como na década de 70.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (29) o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma das riquezas produzidas no país. O índice cresceu 3,4% de janeiro a junho, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O economista indicou a necessidade de o Brasil levar a taxa Selic ao patamar médio dos países assemelhados ao Brasil. Isso significa " ter uma taxa de juros de 7,5% a 8% e ter um câmbio que favoreça as exportações". A taxa de câmbio precisa, além de desvalorizada, ser estável, frisou.

Ele avaliou que isso garante investimentos por parte do setor exportador e permite ao governo ter recursos para gastar com projetos de infra-estrutura necessários ao desenvolvimento do país, entre os quais renovação de portos, aeroportos, estradas.

João Sicsú afirmou que a taxa de crescimento de 3,4% é baixa, embora um pouco melhor do que a média dos últimos anos. "Nós estamos com uma taxa de crescimento um pouco maior do que 3% em média e tínhamos uma taxa de crescimento durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso de 2,3%. Então, aumentamos a taxa de crescimento média em 1%".

O economista considerou muito pequena essa variação "porque as condições internacionais agora são muito mais favoráveis do que eram no período do governo Fernando Henrique Cardoso". Lembrou que na gestão anterior ocorreram várias crises cambiais e muitas turbulências internacionais, como as crises da Argentina e da Malásia, além do apagão. Salientou que durante o governo Lula, ao contrário, o cenário internacional tem sido favorável. "Mas está aproveitando esse cenário internacional de uma maneira pouco proveitosa porque está ganhando só 1% de crescimento do PIB".

O economista sugeriu que o governo deveria pensar em adotar a fórmula dos países asiáticos ou mesmo da Argentina. O país vizinho cresceu mais de 8,5%, acumulando no primeiro semestre deste ano alta de 10%, porque tem a fórmula asiática.