Integração do São Francisco não vai acabar com problema da seca no semi-árido, explica Ciro

29/09/2005 - 15h50

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A integração do Rio São Francisco às bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional não vai acabar com o problema da seca na região, mas vai resolver a questão da insegurança hídrica no semi-árido. A afirmação é do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.

"É a segurança hídrica – que não é solução para seca, um fenômeno que vai acontecer sempre –que vai preparar milhões de pessoas para conviver com o clima e pelo menos tendo água", disse o ministro, durante o 15º Fórum do Planalto, evento promovido pela Casa Civil. De acordo com Ciro Gomes, as obras devem beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas, nos estados de Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, que fazem parte do Nordeste Setentrional.

O ministro condenou as críticas feitas ao projeto sob o argumento de que a região não enfrenta o problema da escassez de água. "Fico muito machucado com a falta de caridade de quem usa o argumento de que a água está sobrando." Ex-governador do Ceará, o ministro lembrou a época em que a capital do estado sofreu com a seca. "Governei o Ceará num período em que acabou a água de Fortaleza. Isso é um trauma muito poderoso para me permitir conviver com visões, às vezes até bem intencionadas, mas profundamente equivocadas", disse.

Ciro Gomes lembrou que nem mesmo o médico sanitarista Oswald Cruz escapou das críticas, por ter promovido um movimento para a vacinação obrigatória contra a varíola, no início do século 20, no Rio de Janeiro. Na época, o senador Ruy Barbosa foi um dos críticos da campanha. "Pessoas das mais altas qualidades também podem cometer equívocos", disse Ciro, referindo-se a Ruy Barbosa.