Integração do São Francisco não irá beneficiar população que vive na seca, diz sociólogo

29/09/2005 - 18h58

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "O projeto define que o benefício é para 3% da população do semi-árido nordestino e não 12 milhões de pessoas, como diz o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes", afirma o sociólogo Ruben Siqueira, coordenador do Projeto de Mobilização Popular pela Revitalização da Bacia do São Francisco. Ruben é contrário ao projeto de unificação das bacias.

"Será uma água de altíssimo custo e o rio está condenado por este modelo", diz o sociólogo Ruben Siqueira que trabalha pela causa com a Comissão Pastoral da Terra e Comissão Pastoral dos Pescadores do São Francisco.

Afirma que a proposta acatada pelo governo em relaçao ao rio "é uma grande mentira, pois é o mesmo projeto que data de 1847 e o governo atual nem mesmo alterou o modelo do governo anterior, de 1999". Segundo ele, o próprio orçamento é o mesmo valor previsto há 6 anos.

Ele entende que o projeto de transposição do Rio São Francisco vai atender a empresas multinacionais que estão tomando conta das terras, outros usando as águas para criação comercial de camarões, fruticultura irrigada. O rio está seriamente comprometido por causa do desmatamento, do assoreamento, da poluição das barragens e da irrigação feita de forma desordenada. O gesto do bispo é o último recurso que temos para tentar reverter esse quadro. Quando a razão se esgota dá lugar à loucura, por isso apoiamos e estamos solidários com ele, que diz "Rio morto, povo morto. Rio vivo, povo vivo".

A Comissão Pastoral da Terra tem uma tradição de 30 anos de trabalho no rio São Francisco e também no nordeste setentrional (o semi-árido nordestino) tentando mobilizar o povo para a conquista de condição de vida sustentável, visando a preservação das condições naturais que são suficientes para uma vida digna no semi-árido.

O semi-árido em termos de solo e de vegetação, agua e de luz forma um conjunto da natureza capaz de oferecer ao ser humano condições de Ter uma vida digna, desde que as condições naturais estejam disponíveis ao acesso democrático. Isso não está acontendo. O direito do trabalhador está sendo trasnferido para e apropriado pelo capital globalizado.