Keite Camacho
Enviada especial
Porto Príncipe (Haiti) – Entre 60% e 80% da população haitiana não tem registro civil, segundo o embaixador do Brasil no Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto. O cadastro eleitoral no país está sendo refeito, por conta das eleições de novembro deste ano e, com isso, a população vem conseguindo também o registro civil.
Segundo o embaixador, isso se deve a tentativa dos Estados Unidos de desenvolver tecnologia de identificação. "Se criou um sistema massivo em que, a partir da impressão digital, você começa a identificar as pessoas. Um exercício das Nações Unidas, junto a Organização dos Estados Americanos (OEA), no sentido de cadastrar as pessoas, levou os haitianos a possibilidade de ter sua carteira de identidade", destacou.
O embaixador acrescentou que ganhou a concorrência uma companhia da Califórnia, cujo centro de processamento de dados fica em Boston e é coordenado por um brasileiro. "As carteiras são impressas no México e depois são trazidas para cá. Se não fosse a informática e a globalização, muito provavelmente os haitianos passariam décadas sem ter as suas carteiras de identidade", considerou.
Andrade informou que 2,3 milhões de pessoas foram cadastradas, em um universo ideal de 4,5 milhões. A população haitiana hoje e de 8,4 milhões de habitantes. "Os dados não são muito precisos porque o ultimo censo foi feito no final do governo anterior e, em função da instabilidade política, não foi processado. Porém, já consideramos um substancial êxito estes 2,3 milhões de pessoas. O povo haitiano tem se interessado no cadastramento", afirmou.
No dia das eleições, Andrade acredita que uma substancial parte dos haitianos terá como votar. "Imagino que por volta de 3 milhões de pessoas. Ha regiões, no entanto, que não tem centros de registro eleitoral, porque não há segurança, como Cite Soleil, grande bairro pobre de Porto Príncipe. Há algumas ilhas como Laguonave e La Tortue, onde a ONU e a OEA não puderam ainda catalogar de modo desejável", afirmou.
O embaixador se encontrou com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, na noite de segunda-feira, no Hotel Montana, onde o ministro está hospedado. Nesta terça-feira, os dois participaram de reunião com o chefe da assistência eleitoral da Missão de Estabilização da ONU (Minustah), Gerardo Le Chevallier, e com membros do Conselho Eleitoral Provisório. Depois se encontraram com o primeiro-ministro Gérard Latortue, que lidera o governo de transição até as eleições de novembro.