São Paulo, 20/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - Os jovens entre 16 e 24 anos de idade de famílias de baixa renda enfrentam mais dificuldades no mercado de trabalho que os de família com renda mais elevada. E esta dificuldade é proporcional à renda, ou seja, quanto mais pobre, mais difícil é para o jovem obter um trabalho remunerado. A conclusão é do estudo Juventude: Diversidades e Desafios no Mercado de Trabalho Metropolitano, divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O estudo do Dieese foi feito a partir da base de dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego de todo o ano de 2004, realizada em conjunto com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), do governo paulista, com o Ministério do Trabalho e Emprego e governos locais. Seis das Regiões Metropolitanas do país foram pesquisadas: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Distrito Federal.
No levantamento, as famílias foram divididas em quatro grupos, conforme a renda. Na Região Metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos de idade nesse ano era de 22,1% no grupo de renda mais elevada, de 28,9% no segundo grupo, de 39,3% no terceiro e de 58,5% no grupo de menor renda familiar. O mesmo se observa nas demais regiões.
As taxas de desemprego para os grupos de maior e menor renda familiares são, respectivamente, de 26,5% e 66,1% em Belo Horizonte; de 31,1% e 66% em Recife; e de 34,4% e 67,1% em Salvador. Em Porto Alegre, a desproporção é mais de três vezes superior, com 18,8% de desemprego na maior renda e 58,7% na menor renda. Em todas, a diferença é progressiva e inversamente proporcional à renda.
Comentando esse quadro, a economista Patrícia Lino Costa, do Dieese, afirmou que os dados revelam que "aqueles com melhor condição financeira têm mais acesso à informação e à qualificação profissional, podem apresentar um ou mais cursos de idiomas, passar por uma boa faculdade, entre outras vantagens".
O estudo do Dieese revela ainda que na Grande São Paulo, por exemplo, participavam do mercado no ano passado 68% dos jovens das famílias de menor renda considerada – os mais necessitados de um emprego ou renda. No grupo de famílias com a maior renda, a participação no mercado era de 79,2%, apesar de ser o grupo com menor necessidade de um emprego ou salário.