Criminalidade é menor, mas Haiti ainda precisa de investimentos, diz embaixador

20/09/2005 - 12h20

Keite Camacho
Enviada especial

Porto Príncipe (Haiti) – "Há diminuição da criminalidade em certos lugares onde a população era quase mantida como refém. Observa-se a reabertura das igrejas, das escolas e há efetivamente diminuição de certos fatos delituosos", afirma o embaixador do Brasil no Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto. Ele está no país desde 4 de julho para apoiar a coordenação brasileira na Missão de Estabilização do Haiti (Minustah) da Organização das Nações Unidas.

O embaixador avalia que os recursos destinados à reconstrução do Haiti são insuficientes, embora "contribuam para que o país não caia em uma situação pior". Em julho do ano passado, foi criado o Fundo Internacional para a Reconstrução do Haiti, com a estimativa de arrecadar US$ 1 bilhão de países doadores. Destes, US$ 400 milhões são dos Estados Unidos. "O Brasil está fazendo um enorme esforço, não só de mandar tropas, mas de criar ações de cooperação. No centro de formação em Jacmel, investirá US$ 1,7 milhões", afirma.

Andrade também destaca que, além dos 1.200 soldados brasileiros que compõem as forças de paz, o Brasil enviou em junho uma companhia de engenharia do Exército para realizar obras de infra-estrutura no país. Segundo ele, o Haiti tem estruturas frágeis e o Brasil tenta agora firmar uma parceria com o Canadá para também realizar ações na área de saúde. "Entraremos com os recursos humanos e os canadenses com os financeiros".

O embaixador afirma que um levantamento do Ministério da Saúde haitiano constatou que o país não possui estrutura necessária para garantir a refrigeração de vacinas. "Grande parte das geladeiras que guardam as vacinas, como da pólio, são fabricadas no Brasil. Elas estavam quebradas porque não há mecânicos no Haiti para consertar", disse. Com isso, o Brasil deverá construir um centro de formação profissional na cidade de Jacmel, com o apoio do Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Andrade se encontrou com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, na noite de segunda-feira (19). Amorim visita o país com o objetivo de recomendar a manutenção do período de eleições e a participação de todos no processo eleitoral em novembro.

O Haiti vive instabilidade política desde 2004, quando rebeldes atacaram a capital, Porto Príncipe, e provocaram a queda do presidente Jean Bertrand Aristide. Atualmente, o Haiti tem um governo provisório.