Trabalho articulado na ONU poderia ajudar países como Haiti e Guiné-Bissau, diz Lula

14/09/2005 - 15h27

Keite Camacho
Enviada especial

Nova York – Durante discurso no terceiro encontro de Cúpula do Conselho de Segurança, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a desarticulação dos organismos internos das Nações Unidas. Segundo ele, uma melhor coordenação do Conselho de Segurança e o Conselho Econômico Social asseguraria que situações como as vividas pelo Haiti ou pela Guiné-Bissau pudessem receber tratamento adequado.

"São crises profundas de sociedades que buscam reencontram o caminho do desenvolvimento. Nessas questões a ação das Nações Unidas é insubstituível", disse. Atualmente, o Haiti tem um governo provisório e uma crise política e social após a queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide em fevereiro de 2004. O Conselho de Segurança da ONU autorizou uma missão de paz no país para garantir a segurança da população e a realização de novas eleições.

Já Guiné-Bissau teve suas primeiras eleições pluri-partidárias em 1994, mas um golpe militar em 1998 depôs o presidente e mergulhou o país numa guerra civil entre 1998 e 1999. Outras eleições foram realizadas e elegeram Kumba Yala. Contudo, em 2003, um golpe militar tirou o presidente eleito.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no terceiro encontro da Cúpula do Conselho de Segurança das Nações Unidas e defendeu a ampliação dos membros do órgão, incluindo em sua composição países em desenvolvimento de todas as regiões do mundo. Lula afirmou ser inadimissível que o Conselho de Segurança continue a operar com "déficit de transparência e representatividade".

A atual composição do conselho é a mesma da época em que foi criado após o fim da Segunda Guerra Mundial. Apenas membros permanentes têm direito a veto e voto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Os outros países não possuem direito a veto sobre as resoluções apresentadas no conselho.

"Precisamos adequar o Conselho de Segurança às exigências de um mundo em profunda transformação", disse Lula. "A boa governança e os princípios democráticos que valorizamos no plano interno, devem igualmente inspirar os métodos de decisão coletiva e multilateralismo", disse. O presidente defendeu ainda o "diálogo", a "promoção do desenvolvimento" e a "defesa intransigente dos direitos humanos" para evitar que o terrorismo crie raízes.